Bloomberg Línea — O aumento dos preços ao redor do mundo e dados econômicos que mostram uma economia americana ainda sólida sustentam as apostas do Federal Reserve de que um aperto monetário mais agressivo será necessário. As preocupações de que essa alta dos juros leve a economia à uma recessão pesam sobre os mercados – e a expectativa é a de que os sinais desses impactos devam ser vistos nos próximos meses.
“Acreditamos que o pêndulo dos mercados começa a mostrar exageros, e nos parece claro que o brutal aperto generalizado de juros vai ter impactos importantes sobre o crescimento de todas as economias, especialmente as desenvolvidas. Os sinais disso já são evidentes em alguns indicadores antecedentes, mas devemos ver isso com mais clareza nos próximos meses”, escreceu a Verde Asset em carta aos cotistas referente ao desempenho do fundo Verde em setembro.
No relatório, a gestora de Luis Stuhlberger destaca que o cenário global ficou ainda mais instável no último mês, com a continuidade do aperto das condições financeiras, principalmente após o anúncio do governo do Reino Unido de um pacote fiscal com cortes de impostos e novos gastos.
Tal movimento contaminou todos os grandes mercados, com consequências sérias para os preços dos ativos de risco. O índice S&P 500, por exemplo, caiu 9,34% em setembro, o pior resultado do ano.
Em um contexto externo mais desafiador, a posição tomada (aposta na alta das taxas) em juros na Europa, o livro de bolsa global e as posições em commodities foram os principais detratores do fundo Verde em setembro. Já os principais ganhos vieram das posições na bolsa brasileira, na taxa de juros americana e na posição vendida (aposta na queda) no euro.
No último mês, o fundo Verde teve perdas de 0,46%, enquanto o CDI teve variação de 1,07%. No acumulado do ano, o multimercado avança 11,29%, ante um benchmark de 8,89%.
Na carta, o time da Verde Asset também chamou a atenção para o resultado do primeiro turno das eleições presidenciais no Brasil, que “trouxe surpresas importantes para a maioria dos analistas”, com um Congresso mais conservador do que se projetava.
“O próximo presidente, independente de quem vencer no segundo turno, terá que trabalhar com restrições impostas por essa composição legislativa. Caso Lula vença, a margem de manobra do seu governo – especialmente para potenciais contrarreformas – fica mais limitada. Esse fator foi bem recebido pelos mercados, ao mitigar a probabilidade de riscos de cauda, e se refletiu num rally importante no primeiro pregão de outubro”, escreveu a casa.
Entre as mudanças feitas para outubro, o time zerou as posições tomadas (que ganham com a alta das taxas) em juro nos Estados Unidos. Foram ampliadas as posições em inflação implícita no Brasil, ao petróleo, enquanto a exposição ao ouro foi mantida.
O fundo iniciou posições vendidas no euro e na libra esterlina usando estruturas de opções. As posições em ações, tanto no Brasil quanto no exterior, foram mantidas. Já a posição comprada (aposta na alta) em títulos high yield (que oferecem mais retorno em troca de um risco maior) global foi marginalmente aumentada.
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