FMI alerta: agir com antecedência pode reduzir custos da transição energética

Relatório da instituição dividiu o mundo em quatro regiões que devem introduzir políticas orçamentárias para implementar neutralidade de emissões

Quanto antes a transição energética for realizada, menos ela custará
Por Eric Martin
09 de Outubro, 2022 | 12:24 PM

Bloomberg — O mundo deve reduzir ainda nesta década as emissões de gases estufa em no mínimo 25% para chegar à neutralidade de carbono do Acordo de Paris para 2050, e o custo será mais baixo se os países agirem antes, segundo economistas do Fundo Monetário Internacional.

Atingir essa meta implicará em custos no longo prazo, segundo pesquisadores do FMI. Quanto mais os países esperarem para fazer a transição, mais altos serão os custos.

Se as medidas corretas forem implementadas imediata e gradualmente ao longo dos próximos oito anos, os custos serão pequenos”, escreveram Benjamin Carton e Jean-Marc Natal no blog que acompanha o Capítulo 3 das Perspectiva Econômica Global do FMI antes das reuniões anuais da próxima semana em Washington. “Entretanto, se a transição para as energias renováveis for atrasada, os custos serão muito mais altos”.

O modelo da equipe divide os países em quatro regiões: China, a zona do euro, os Estados Unidos e o resto do mundo. Ele pressupõe que cada região vai introduzir políticas neutras em relação ao orçamento que incluam impostos sobre gases de efeito estufa, que são gradualmente aumentados para alcançar uma redução de 25% nas emissões até 2030, combinados com transferências de dinheiro para as famílias, subsídios para tecnologias de baixa emissão e cortes nos impostos trabalhistas.

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As medidas poderiam retardar o crescimento econômico global em 0,15 a 0,25 ponto percentual por ano até 2030, dependendo da rapidez com que as regiões consigam se afastar dos combustíveis fósseis para a geração de eletricidade. Na maioria das regiões, a inflação aumentaria moderadamente, de 0,1 a 0,4 ponto percentual.

Para a Europa, os EUA e a China, os custos provavelmente serão mais baixos do que para os exportadores de combustíveis fósseis e economias de mercado emergentes com uso intensivo de energia, observam os economistas.

“Isso significa que os países devem cooperar mais nos recursos financeiros e na tecnologia necessária para reduzir os custos – e compartilhar mais experiência – principalmente quando se trata de países de baixa renda”, escreveram eles.

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A análise também mostra que a política climática não iria alimentar espirais de preços e salários e não iria complicar o trabalho dos bancos centrais, disseram os economistas.

“Quando as políticas são graduais e confiáveis, o compromisso entre a produção e a inflação é pequeno”, mas atrasar a transição para uma economia de baixas emissões aumentaria significativamente o custo para o produto interno bruto, disseram.

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