Americanas Bank? Depois de trazer Rial, fintech do grupo recebe licença do BC

Aval regulatório para atuar como instituição de pagamento permitirá integração com open finance e ampliação da oferta de produtos e serviços financeiros

Americanas acelera planos para oferecer um número maior de produtos financeiros a clientes por meio da Ame Digital
06 de Outubro, 2022 | 08:11 PM

São Paulo — A Americanas (AMER3), que opera uma das maiores plataformas de e-commerce do Brasil, acaba de conseguir o aval regulatório do Banco Central para ampliar a atuação da sua fintech Ame Digital. A perspectiva agora iminente de aumento da ofertas de produtos e serviços financeiros ocorre junto com o anúncio da chegada do ex-CEO do Santander Brasil Sergio Rial ao comando da companhia, o que está marcado para acontecer em 1º de janeiro de 2023.

A Ame, plataforma financeira da Americanas, recebeu a autorização do Banco Central para operar como instituição de pagamento nas modalidades de emissora de moeda eletrônica e credenciadora, comunicou a varejista ao mercado na noite desta quinta-feira (6). Durante sua passagem pelo Santander (SANB11), Rial acelerou o processo de transformação digital da filial brasileira do banco espanhol.

“A autorização é mais um importante marco na rápida trajetória de sucesso da Ame, impulsionando seu plano estratégico de negócios e permitindo a sua participação na agenda de open finance, com a ampliação da oferta de produtos e serviços financeiros cada vez mais aderentes às necessidades dos clientes”, disse Miguel Gutierrez, diretor de relações com investidores da companhia.

Segundo o comunicado, a Ame possui mais de 35 milhões de downloads, 12 milhões de usuários ativos mensais, mais de 95 “features” (funcionalidades) e já é aceita como meio de pagamento em mais de 3,6 milhões de estabelecimentos em todo o país. A companhia não deu ainda detalhes sobre as novidades da Ame depois do recebimento do aval do BC.

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O plano de fortalecimento da Ame encontra condições mais favoráveis nas regras para as instituições financeiras. O BC tem simplicado a regulamentação a fim de facilitar a entrada de novos concorrentes no segmento de pagamentos, de modo a aumentar a competição no sistema e a inclusão financeira.

Em março deste ano, o BC divulgou que as IPs (instituições de pagamento) terão regras proporcionais ao seu porte e à sua complexidade. Esse segmento tem se diversificado desde o estabelecimento do marco legal das IPs em 2013.

Volume recorde

Lançada em 2018, a Ame tem alavancado os serviços financeiros da Americanas. “A fintech Ame fechou o ano de 2021 com um TPV [volume total de pagamentos] recorde de R$ 26 bilhões e registrou o primeiro breakeven mensal durante o quarto trimestre, uma meta esperada apenas para 2022″, destacou um relatório da XP, em fevereiro, ao analisar o balanço de 2021 da companhia.

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O crescimento da fintech acompanhou o movimento de expansão do e-commerce, principalmente durante a pandemia da Covid-19, em que os consumidores aderiram mais às carteiras digitais e à busca por benefícios como descontos e cashback.

O modelo de negócio do grupo, que surgiu com a fusão entre B2W digital e Lojas Americanas em julho de 2021, tem como base a plataforma digital e as lojas físicas, com foco no comércio de produtos de consumo. No e-commerce, a companhia atua por meio das Submarino, Americanas.com, Shoptime e Sou Barato. Além da Ame Digital, controla também uma plataforma logística, a LET’s.

Concorrência maior

Apesar de vantagens competitivas como portfólio variado de produtos e marcas reconhecidas, analistas também alertam para ameaças à posição da varejista no setor.

“Entre os riscos destacamos a maior concorrência, com entrada de players estrangeiros como Shopee, Amazon, entre outros, além do cenário econômico mais desafiador”, apontou uma nota da Guide Investimentos em julho.

O BTG Pactual, em relatório em setembro com dados do e-commerce brasileiro, apontou que que, em agosto de 2021, a Americanas.com era o segundo site de e-commerce mais visitado do país, com 117,9 milhões de acessos, atrás do Mercado Livre (264,7 milhões).

Um ano depois, a varejista caiu para quinto lugar, com 84,8 milhões de acessos, superada pela Amazon (148,3 milhões), pela Shopee (97,8 milhões) e pelo Magazine Luiza (90,1 milhões). O Mercado Livre seguia na liderança com 242,3 milhões de visitas em agosto passado.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.