Lula e Bolsonaro vão disputar presidência em segundo turno

Ex-presidente tinha 47,34% dos votos válidos e vantagem de 3,5 milhões de votos com 92% das seções totalizadas, enquanto o atual presidente apresentava 44,13%

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Bloomberg Línea — As eleições presidenciais deste ano serão decididas em um segundo turno entre o atual presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, e o ex-presidente Lula (PT).

Com mais de 92% das seções totalizadas, Lula tinha 47,34% dos votos válidos (mais de 51,530 milhões de votos), enquanto Bolsonaro apresentava 44,13% (mais de 48 milhões de votos).

A diferença de três pontos percentuais ficou abaixo do que as pesquisas dos principais institutos (Datafolha, Ipec, Quaest/Genial Investimentos e FSB/BTG Pactual) indicavam nos dias que antecederam o primeiro turno.

Simone Tebet (MDB) superou o candidato Ciro Gomes (PDT), que passou toda a campanha em terceiro lugar, e ficou atrás de Lula e Bolsonaro. Tebet tinha 4,35% dos votos válidos, e Ciro, 3,08%.

Tanto para Lula como para Bolsonaro, o resultado tem duas perspectivas.

Para Bolsonaro, de um lado, ele chega fortalecido pelo fato de ter obtido um desempenho superior ao que os principais institutos de pesquisa apontavam. Mas ele é o primeiro incumbente a disputar a reeleição que fica atrás das pesquisas na reta final de campanha, e isso incluiu o primeiro turno.

Para Lula, o resultado decepciona em parte porque o objetivo da campanha era vencer as eleições no primeiro turno - embora o próprio candidato tenha falado pouco sobre isso, para evitar que a realização de um segundo turno desmobilizasse seus apoiadores. Por outro lado, confirma a força de seu nome em uma disputa em que o PT ficou aquém do esperado em muitos estados.

O segundo turno acontece no dia 30 de outubro. A partir de agora, a campanha vai recomeçar e ambos os candidatos terão direito ao mesmo tempo de rádio e TV (10 minutos) para fazer propaganda.

A confirmação do segundo turno também deve dar início às articulações de apoio aos candidatos. A senadora Simone Tebet já deu todos os sinais de que vai estar com Lula. O PTB, do Padre Kelmon, entrará nas fileiras de Bolsonaro.

Ciro Gomes, que concorria pelo PDT, vinha se colocando como candidato de oposição a Lula e chegou a intensificar a postura antipetista na reta final da campanha. Diversas lideranças de seu partido, no entanto, apoiaram Lula ainda no começo da campanha, então a expectativa é que o PDT forme uma aliança, mesmo que informal, com o PT.

Simone Tebet e Ciro Gomes

O pior resultado, no entanto, foi o de Ciro Gomes. Durante a campanha, ele nunca chegou aos 10% das intenções de voto, mas conseguiu segurar o terceiro lugar na preferência do eleitor. A posição o qualificava como a principal alternativa à polarização, mas, segundo analistas, sua decisão de se colocar como oposição não bolsonarista a Lula acabou afastando os eleitores de esquerda, com quem fazia mais sucesso.

Já Simone Tebet sai do primeiro turno maior do que entrou. Nas pesquisas, ela sempre apresentou teto de 5%, mas o resultado das urnas confirmou a trajetória ascendente que ela vinha mostrando, o que alguns analistas atribuem ao bom desempenho da senadora nos debates televisionados.

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