Bancos de Wall Street são multados por uso de WhatsApp

Companhias não impediram seus funcionários de usar plataformas de mensagens não autorizadas, aponta o regulador do mercado americano

An app icon for Facebook Inc. WhatsApp arranged on a smartphone in Sydney, New South Wales, Australia, on Wednesday Jan. 20, 2021. WhatsApp has delayed the introduction of a new privacy policy announced earlier this month after confusion and user backlash forced the messaging service to better explain what data it collects and how it shares that information with parent company, Facebook Inc. Photographer: Brent Lewin/Bloomberg
Por Myriam Balezou - Hannah Levitt - Jenny Surane - Katherine Doherty
28 de Setembro, 2022 | 01:26 PM
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Bloomberg — O Credit Suisse (CS), o Deutsche Bank (DB) e o UBS (UBS) informaram que o pagamento de multas por uma investigação de aplicativos de mensagens nos Estados Unidos não deve impactar seus lucros do terceiro trimestre.

O Deutsche Bank confirmou que isso não deve impactar os resultados do próximo mês, segundo um comunicado divulgado nesta quarta-feira (28). Os dois bancos suíços também reservaram dinheiro suficiente para cobrir a multa, disseram pessoas com conhecimento do assunto.

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A Securities & Exchange Commission (SEC, na sigla em inglês) anunciou na terça-feira (27) acusações contra 15 corretoras e um consultor de investimentos afiliado para resolver investigações regulatórias sobre o uso de aplicativos de mensagens por seus funcionários que violavam as regras de manutenção de registros. O regulador dos EUA determinou aos bancos e corretoras o pagamento de mais de US$ 1,1 bilhão em multas.

Segundo a SEC, os bancos não impediram seus funcionários de usar plataformas de mensagens não autorizadas, e alguns dos piores infratores incluem chefes de mesas de operações, equipes de negociação e executivos com responsabilidades nacionais e globais. Em alguns casos, os gerentes chegaram a enviar mensagens de texto para os funcionários encarregados de garantir que os bancos cumprissem a lei.

Credit Suisse, Deutsche Bank e UBS estavam entre um grupo de oito bancos que concordaram em pagar multas de US$ 125 milhões cada à SEC na investigação e mais US$ 75 milhões à Commodity Futures Trading Commission.

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Vários bancos envolvidos na investigação já haviam divulgado provisões para cobrir as multas esperadas no momento dos resultados do segundo trimestre.

Solução: fiscal de WhatsApp

A investigação está forçando os bancos a criar uma nova função de compliance: o fiscal de WhatsApp.

As empresas podem culpar os chefes que quebraram as regras.

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Como parte da solução pela punição, uma lista de empresas, incluindo Bank of America (BAC), Citigroup (C), Goldman Sachs (GS) e Morgan Stanley (MS), prometeram, cada uma, contratar um consultor de compliance para analisar como eles monitoram e arquivam quaisquer comunicações relacionadas ao trabalho, inclusive nos telefones celulares dos funcionários ou em outros dispositivos pessoais.

Conselho de chefe

No Bank of America, que mais pagou multas na terça-feira, um chefe de uma mesa de operações disse a brokers de outras empresas para deletarem mensagens que trocaram em dispositivos pessoais e mudar para o Signal, que é criptografado, de acordo com a Comissão de Negociação de Futuros de Commodities. O executivo renunciou este ano.

A decisão da SEC de convocar os executivos — com base em uma amostra de mensagens que os bancos foram solicitados a coletar para a investigação — pode aumentar a pressão sobre as empresas para garantir que certos gerentes sejam responsabilizados. O JPMorgan, primeiro banco a encerrar a investigação no ano passado, demitiu alguns executivos por causa das investigações e puniu muitos outros, por vezes reduzindo seus bônus.

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As autoridades não nomearam ninguém nos inquéritos. Uma pessoa próxima a um dos maiores bancos disse que os investigadores não especificaram necessariamente às empresas quais funcionários foram descritos. Dois executivos próximos aos bancos disseram que algumas das pessoas descritas como empregadas não estão mais lá e que as pessoas que saíram não necessariamente se foram por causa da investigação.

Uma porta-voz do Citigroup disse, em comunicado, que o banco está satisfeito por ter o caso resolvido. Já um porta-voz do Deutsche Bank disse: “implantamos proativamente plataformas de texto e de conversa totalmente compatíveis e convenientes e continuaremos a escalar essas tecnologias para atender às expectativas de nossos reguladores e clientes”. Representantes de outros bancos preferiram não comentar ou não responderam imediatamente às mensagens pedindo comentários.

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