Construtoras de baixa renda na bolsa surgem como opção blindada à eleição

Com pausa na alta dos juros, percepção é de que o setor tende a se beneficiar independentemente do resultado da disputa presidencial

Especialistas, contudo, veem com cautela o segmento voltado para média renda, pois uma série de variáveis pode afetar a demanda
Por Barbara Nascimento
24 de Setembro, 2022 | 11:03 AM

Bloomberg — As ações das construtoras de baixa renda despontam como uma escolha defensiva para os investidores diante do cenário de incertezas das eleições, segundo analistas.

Com o ciclo de aperto monetário chegando ao fim, a percepção é de que o setor tende a se beneficiar independentemente do resultado da disputa presidencial.

Isso porque um programa governamental de apoio à habitação popular deve figurar como prioridade para ambos os candidatos líderes nas pesquisas – o atual Casa Verde e Amarela ou mesmo um modelo mais parecido com o Minha Casa, Minha Vida, seu antecessor durante governos do Partido dos Trabalhadores (PT).

A combinação de juros acomodados, que ajudou o setor como um todo, e a boa perspectiva para a baixa renda, levou os papéis desse segmento a apresentar ganhos nas últimas semanas. Desde o início de setembro até quinta-feira (22), Tenda (TEND3), Direcional (DIRR3) e MRV (MRVE3) subiram 27%, 24% e 28%, respectivamente.

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“Não vejo nenhum candidato mudando o programa de maneira negativa. Se der Bolsonaro, é continuidade. Se for Lula, não deve mudar muito”, aponta Ygor Altero, chefe de mercado imobiliário da XP, que cita Cury (CURY3) como a preferida, seguida por Direcional.

“Todos os governos que passaram veem a importância desse programa. Todos sabem que o programa é importante e vão fazer o possível para melhorar a execução”, aponta Fanny Oreng, chefe de mercado imobiliário do Santander (SANB11), para quem as construtoras de baixa renda devem seguir lançando novos empreendimentos, com grande demanda.

O JPMorgan (JPM) também avalia que as eleições presidenciais não devem impactar o segmento de baixa renda, à medida que “os principais candidatos apoiam o programa Casa Verde e Amarela”, segundo relatório divulgado no início de setembro, assinado pelo analista Marcelo Motta.

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No melhor cenário, diz o banco, subsídios adicionais poderiam ser anunciados. No pior cenário, novos saques do FGTS para estimular o PIB. O banco cita, em ordem de preferência, as ações de MRV, Direcional, Cyrela, Eztec (EZTC3) e Tenda.

Altero, da XP, explica que a mudança recente no programa governamental a partir de junho ajudará na recomposição das margens do segmento, o que deu um empurrão extra para os papéis do setor.

As alterações incluem aumento no subsídio a depender de região e renda, elevação do teto para enquadramento nas faixas 2 e 3 e ampliação do prazo de financiamento.

Por outro lado, os especialistas veem com cautela o comportamento do segmento voltado para média renda, pois uma série de variáveis pode afetar a demanda. “Tem eleições, inflação, o que pode adiar a tomada de decisão para a média renda”, aponta Fanny, do Santander.

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