Barcelona, Espanha — Os investidores operavam hoje entre duas forças: a cautela antes da decisão sobre juros de vários bancos centrais no decorrer desta semana, com destaque para o norte-americano Federal Reserve, e o surgimento de oportunidades de compra com o tombo das ações nos Estados Unidos na semana passada.
O resultado disso é muita volatilidade. À espera do veredito sobre os juros dos EUA, os futuros de índices norte-americanos operavam entre baixas e altas no início da manhã. O mercado espera para ver o calibre do aumento de taxas pelo Fed: as maiores apostas recaem sobre uma alta de 0,75 ponto porcentual, ainda que um ajuste de maior proporção não esteja totalmente descartado, na avaliação de economistas.
Na Europa, os indicadores acionários operavam em queda instantes atrás. Na Ásia, o fechamento foi positivo. O vaivém também se manifestava nas cotações do petróleo e do ouro.
O rendimento dos títulos do Tesouro com vencimento em 10 anos situava-se ao redor de 3,5%, enquanto os de vencimento mais curto, de 2 anos, se aproximam de 4%, evidenciando a suspeita do mercado de que a política de controle de inflação pode levar a economia americana a um pouso forçado.
🚦 Parada técnica. O banco central chinês decidiu manter o custo do dinheiro inalterado, com taxa de 3,65% para empréstimos de um ano e 4,30% para os de cinco anos, interrompendo o ciclo de cortes que vinha promovendo para recuperar a economia. A decisão já era esperada - os analistas ponderam que esta poderia ser uma pequena pausa antes da decisão do Fed para avaliar o cenário e, logo, retomar novos cortes de juros.
🫣 Surpresa sueca. Já o banco central da Suécia decidiu elevar o juro básico da economia em 1 ponto percentual. A manobra, que responde à escalada dos preços nos últimos 11 meses no país, foi a maior em quase trinta anos e mais agressiva do que o 0,75 ponto esperado pelo mercado.
🏠 Futuro em construção: Enquanto digerem as notícias da manhã, os investidores esperam também os números novos do setor imobiliário nos Estados Unidos, com licenças concedidas e construções de casas em agosto. Os dados podem oferecer uma medida do aquecimento da economia norte-americana.
📡 BCE no radar. As expectativas também giram em torno ao pronunciamento, esta tarde, da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, com dúvidas sobre se ela deixará alguma pista sobre suas próximas investidas sobre os juros. Os analistas vêem uma recessão quase iminente na Zona do Euro e o BCE iniciou agora seu ciclo de aperto monetário - este mês subiu as taxas em um histórico 0,75 ponto percentual - para conter uma inflação ainda avassaladora.
Ainda há pouco Madis Muller, membro da ala mais conservadora do Banco Central Europeu (BCE), alertava em entrevista que vê necessidade de ações “suficientemente robustas e decisivas” para combater a inflação na Zona do Euro.
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🟢 As bolsas ontem Dow Jones Industrials (+0,64%), S&P 500 (+0,69%), Nasdaq Composite (+0,76%), Stoxx 600 (-0,09%), Ibovespa (+2,33%)
Após lutar por uma direção, os mercados acionários dos EUA finalmente conseguiram deixar as perdas para trás. A atenção dos investidores se dirigiu à possibilidade de outro forte aumento dos juros pelo Fed, aperto monetário que poderia culminar em uma recessão econômica. No entanto, a alta de ações de grande capitalização de mercado, como a Apple e a Tesla, dirigiram os índices acionários à senda positiva.
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Na agenda
Esta é a agenda prevista para hoje:
• EUA: Índice de Construção de Casas Novas/Ago, Licenças para Construção/Ago, Estoques Semanais de Petróleo Bruto
• Europa: Zona do Euro (Balanço de Transações Correntes/Jul); Reino Unido( Expectativa de Inflação); Alemanha (Índice de Preços ao Produtor/Ago); Itália (Balanço de Conta Corrente/Jul) ; Portugal (Transações Correntes/Jul)
• Ásia: Japão (Índice de Preços ao Consumidor/Ago); China (Taxas de Empréstimo Prime)
• América Latina: Brasil (Receita Tributária Federal); Argentina (PIB/2T22)
• Banco centrais: Pronunciamentos de Christine Lagarde (BCE) e Elizabeth McCaul (BCE). Decisão sobre os juros da Suécia
📌 Para a semana:
• Quarta: Decisão do Fed sobre os juros. CEOs de grandes bancos, incluindo Jamie Dimon do JPMorgan Chase and Co. e Brian Moynihan do Bank of America, testemunham perante o Comitê de Serviços Financeiros do Congresso dos EUA
• Quinta: Reuniões de política monetária dos bancos centrais do Japão, Reino Unido, Indonésia, África do Sul, Turquia e Suíça
• Sexta: Secretária do Tesouro dos EUA Janet Yellen discursa em Washington. PMIs da Zona do Euro
(Colaborou Bianca Ribeiro. Com informações da Bloomberg News)