Goldman Sachs e Citi elevam volume de crédito para startups na América Latina

Mais de US$ 2,3 bilhões em empréstimos foram feitos desde novembro, com bancos como Morgan Stanley e JPMorgan também participando

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Bloomberg — Bancos como Goldman Sachs (GS) e Citigroup (C) estão elevando o volume de crédito concedido para startups latino-americanas, uma vez que a queda no valor das ações dessas empresas torna a venda de fatias do capital menos atraente.

Pequenas startups como a fintech brasileira Agi, conhecida anteriormente como Banco Agibank, e a chilena Xepelin, bem como empresas maiores, como a varejista digital Mercado Livre (MELI), estão entre as que receberam financiamento. Mais de US$ 2,3 bilhões em empréstimos foram feitos desde novembro, com bancos como Morgan Stanley (MS) e JPMorgan (JPM) também participando, segundo dados públicos compilados pela Bloomberg. Muitas transações são mantidas em sigilo.

“Não estamos aqui apenas para ajudar as empresas a fazer IPOs”, disse Eduardo Cruz, chefe de bancos, mercados de capitais e assessoria para a América Latina do Citigroup. “Devido aos nossos serviços e capacidades e nossa presença em tantos países, podemos ajudar essas empresas a se expandir para além de seus mercados locais.”

As startups da América Latina, que cresceram nos últimos anos com enormes ofertas públicas iniciais e investimentos recordes de capital de risco, de repente estão enfrentando um ajuste de contas à medida que as taxas de juros crescentes em todo o mundo diminuem seu valor de mercado e aumentam o custo de financiamento. As vendas de ações de empresas latino-americanas caíram 60% este ano até 13 de setembro, para US$ 10,8 bilhões, segundo dados compilados pela Bloomberg.

“É uma nova classe de clientes que surgiu nos últimos cinco anos com a qual estamos trabalhando de perto”, disse Eduardo Miras, chefe de banco de investimento do Citigroup no Brasil. “Estamos ajudando empresas que acreditamos que serão as vencedoras, que vão crescer e se solidificar. Podemos oferecer a essas empresas de tecnologia não apenas serviços de banco de investimento e financiamento, mas também pagamentos e gestão de caixa”.

Depois de ser avaliado em US$ 45 bilhões em uma oferta pública inicial de ações muito esperada em dezembro e levantar quase US$ 2,8 bilhões, o Nubank (NU) tem um valor de mercado de cerca de US$ 25 bilhões atualmente. Em abril, tomou uma linha de crédito de US$ 650 milhões com vencimento em três anos de bancos como Citi, Goldman Sachs, HSBC (HSBC) e Morgan Stanley para sua expansão no México e na Colômbia.

A carteira de empréstimos do Citigroup para empresas da América Latina subiu 12% para US$ 36,2 bilhões em junho em relação ao final de 2021, de acordo com o balanço do banco com sede em Nova York.

Mesmo as empresas que ainda receberam investimentos de venture capital este ano estão aproveitando para conseguir empréstimos. Apenas quatro meses depois de ter levantado US$ 111 milhões em uma venda privada de ações, a fintech chilena Xepelin conseguiu um empréstimo de US$ 140 milhões do Goldman Sachs para sua expansão no México.

Após o recorde de US$ 15,8 bilhões no ano passado, os investimentos de venture capital em startups na América Latina caíram este ano, segundo a LAVCA, a associação para investimentos de private equity na região. No primeiro semestre do ano, atingiram US$ 5,44 bilhões, 41% a menos que no último semestre de 2021.

Pedro Juliano, chefe de banco de investimento do JPMorgan no Brasil, disse que nem todas as formas de financiamento são adequadas para empresas iniciantes.

“Por um lado venture debt é bom, pois na teoria dilui menos o acionista upfront”, disse Juliano na quarta-feira no Bloomberg Línea Summit no Brasil. “Mas ele também tem warrants e características que vão fazer com que o financiamento seja mais caro, com uma diluição maior no futuro.”

Rodrigo Catunda, co-chefe para o Brasil da General Atlantic, disse no evento que “venture debt é dívida de risco, e eu não a usaria como uma estratégia agressiva”.

Grande parte dos empréstimos que chegam às startups da América Latina de bancos americanos são empréstimos garantidos por ativos, que podem reduzir o custo de financiamento para empresas e fornecer financiamento em moeda local. Outros são financiamentos para aquisição simples, como o empréstimo de US$ 500 milhões tomado pela 3R Petroleum do Brasil para pagar a aquisição do campo de petróleo Potiguar do país.

O Goldman Sachs vê valor em “desenvolver nossos relacionamentos desde o início com essas empresas, pois nossa intenção é crescer ao lado delas”, disse Samuel Villegas, presidente da Goldman Sachs Mexico Casa de Bolsa. “Acreditamos que algumas dessas empresas estão mudando o cenário dos setores financeiro e bancário na América Latina.”

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