Brasil adiciona mais valor que nunca em sua safra de soja

Enorme safra de soja e o dólar em alta dão às esmagadoras uma vantagem sobre os concorrentes nos EUA, Argentina e outros países

A capacidade de esmagamento de soja no Brasil aumentou 4,1% desde 2020, para 66,7 milhões de toneladas por ano
Por Tarso Veloso
13 de Setembro, 2022 | 02:35 PM

Bloomberg — O Brasil, maior produtor de soja do mundo, agora consegue processar um volume recorde de soja em produtos de maior valor agregado como farelo e óleo de soja, como resultado da crescente demanda por ração e combustíveis renováveis.

A capacidade de esmagamento de soja no Brasil aumentou 4,1% desde 2020, para 66,7 milhões de toneladas por ano, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). A primeira atualização desde 2020 mostrou maior capacidade ativa em todas as regiões do país. Isso ajudou o Brasil a exportar 22% mais farelo de soja nos primeiros oito meses do ano do que em 2021, e 63% mais óleo de soja e outros óleos vegetais no mesmo período, segundo a Abiove.

A enorme safra de soja do Brasil e o dólar em alta dão às esmagadoras uma vantagem sobre os concorrentes nos EUA, Argentina e outros países. A inflação global de alimentos e combustíveis elevou a demanda por farelo e óleo de soja como parte dos esforços para reduzir as emissões de carbono de carros e caminhões.

Mesmo durante a pandemia, o setor investiu pesado, pois margens saudáveis estimularam empresas a continuarem esmagando oleaginosas. Entre 2020 e 2022, R$ 2,5 bilhões (US$ 491 milhões) foram gastos para elevar a capacidade nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, segundo a Abiove. Para os próximos anos, estão previstos investimentos da ordem de R$ 1 bilhão (US$ 196 milhões) para a expansão e construção de unidades no Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul.

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“Estamos falando de um período de pandemia em que a indústria continuou investindo e aumentando a capacidade, mas temos condições de fazer muito mais, pois estamos agregando valor a um terço da nossa safra de soja”, disse Daniel Amaral, economista-chefe da Abiove. “Temos a oleaginosa e a tecnologia para esmagar ainda mais. Precisamos de mais visibilidade no nível de mistura para o próximo ano para dar essa previsibilidade à indústria.”

Amaral disse que os produtores podem fornecer óleo para uma mistura de biodiesel acima do atual limite de 12% aplicado no país, enquanto outros produtores, como EUA e Argentina, tentam expandir a produção e área plantada. “A demanda global continuará a crescer.”

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