Fundo que se separou do SoftBank investe US$ 12 milhões na startup Plerk

Empresa fundada no México é focada em benefícios corporativos flexíveis e recebeu aporte do Upload Ventures, que virou um fundo independente em abril

Miguel Medina, Ángel Arias e Antonio Martínez. Foto: Divulgação/Plerk
29 de Agosto, 2022 | 04:21 PM

A startup mexicana de benefícios corporativos Plerk captou US$ 12 milhões com a Upload Ventures, criada depois da separação do fundo de early-stage do SoftBank. A rodada foi acompanhada por Magma Partners, 500 Startups e MGV Capital.

Anjos da Rappi, Frubana e Troura também participaram da Série A. Com a nova rodada, a Plerk pretende fortalecer sua posição no mercado mexicano e crescer nos países da América Latina de língua espanhola.

A Plerk iniciou suas operações em janeiro de 2021 no México, impulsionada pela nova dinâmica de trabalho remoto e híbrido impulsionada pela covid-19.

A startup é resultado de uma virada no modelo de negócio (pivot) realizada pelos fundadores Miguel Medina, Ángel Arias e Antonio Martínez. Eles fizeram parte da turma de 2020 da aceleradora americana Y Combinator e, a princípio, queriam construir uma ferramenta para viagens de negócios.

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“Foi a pior estratégia do mundo, desenvolver uma plataforma de viagens de negócios durante a [pandemia de] covid”, disse Miguel Medina, cofundador e co-CEO da empresa, em entrevista à Bloomberg Línea.

Hoje a Plerk oferece benefícios flexíveis para funcionários de empresas. São serviços como telemedicina, bem-estar, educação, entretenimento e fitness por meio de uma parceria com o unicórnio brasileiro Gympass.

No último ano, a Plerk atingiu 40 mil usuários por meio de 350 empresas no México, Colômbia e Chile, e tem hoje 150 funcionários.

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Upload Ventures

Desde que fazia parte do SoftBank, Rodrigo Baer, fundador e sócio-diretor da Upload Ventures, dizia que a empresa gosta de investir em startups de SaaS (Software-as-a-Service), B2B (de serviços para outras empresas) e fintech.

Em entrevista à Bloomberg Línea, Baer afirmou que os valuations para early-stage agora estão até 60 vezes menores do que eram nos últimos dois anos.

“Usamos como regra, por exemplo, uma empresa de seed que sairá de 10 funcionários para 30. Multiplicamos pelo salário dessas pessoas e chegaremos na necessidade de capital. Isso sempre foi algo entre US$ 1 milhão a US$ 2 milhões, mas durante dois anos o mercado estava forçando essas empresas a crescerem muito mais. As empresas saíam de 25 funcionários para 60 ainda em seed, isso consumia muito mais capital [nos últimos 24 meses]”, disse Baer.

Baer e seus sócios foram para o SoftBank para montar o fundo de early-stage, uma área em que o conglomerado japonês não tinha o costume de investir na América Latina. O executivo conta que eles operavam um pouco distantes do grupo principal do SoftBank, já que tinham um acordo especial com Marcelo Claure, o boliviano que foi peça-chave para aumentar os investimentos do SoftBank na América Latina.

“Tinha algumas coisas que a gente conseguia fazer no early-stage que não era a regra do SoftBank mãe. Era um acordo que a gente tinha com o Marcelo. Quando o Marcelo saiu, a gente pensou que as pessoas tendem a esquecer os acordos, então aproveitamos que já era um pouco separado e separamos de vez”, disse Baer, sobre as comissões “carry” que o SoftBank não pagava aos gestores de fundos, mas que Claure tinha garantido ao fundo early-stage.

A decisão pela cisão das empresas foi tomada em janeiro e, em abril, o fundo se separou do conglomerado japonês, embora ainda o tenha como maior LP (Limited Partner), além de family offices, bancos e outras instituições que garantem o dinheiro gerenciado pela Upload Ventures.

“Investíamos em empresas que poderiam conflitar com o growth. Hoje a gente consegue gastar mais tempo com o portfólio porque não tem tanto volume vindo. Só que antes a gente tinha um cartão que abria qualquer porta [a marca do SoftBank]”.

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Parte da ‘máfia do Rappi’

Ángel Arias e Miguel Medina vêm da Rappi, onde foram alguns dos primeiros funcionários no México em 2016. Lá, tiveram a tarefa de lançar o aplicativo de entrega em 45 cidades da América Latina. Pensando em liderar um negócio próprio, eles deixaram a empresa em novembro de 2019 para lançar a Plerk.

São mais alguns membros da chamada “Rappi Máfia”, ex-funcionários da empresa de delivery que fundaram suas próprias startups. Contudo, Medina prefere chamar de “Rappi Magia”, explicando que há muito apoio e camaradagem entre seus ex-colegas que agora são empreendedores.

A experiência deles ajudando o crescimento do unicórnio colombiano os fez serem aceitos no programa de aceleração da Y Combinator. Foi aí que eles perceberam que precisavam mudar o negócio.

Na Y Combinator aprenderam uma premissa: “Faça o que as pessoas querem”, disse Medina. Foi isso que eles fizeram. “Quando percebemos que não deveríamos estar apaixonados pelo produto, mas pelo problema, foi muito fácil enxergar o caminho”, disse o fundador.

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A decisão de mudar o modelo de negócio foi sustentada pela experiência pessoal. Sua esposa tinha acabado de sofrer um burnout no trabalho.

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Yanin Alfaro (BR)

Jornalista com experiência em startups e tecnologia

Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups