Bloomberg — Enquanto a turbulência política voltava à Argentina no mês passado e a inflação subia para o nível máximo em três décadas, a população agiu da mesma forma que em crises passadas: comprou dólares.
Cerca de 1,4 milhão de pessoas comprou dólares no mercado formal em julho, um aumento de quase 60% em relação a junho, segundo dados do banco central publicados na tarde de sexta-feira (26).
Esses argentinos foram às compras apesar de fortes desincentivos. Devido aos rígidos controles do governo, as pessoas só podem trocar pesos por até US$ 200 por mês e pagar 75% de impostos além desse valor. O número de pessoas comprando dólares em junho foi o maior desde 2020, quando havia apenas um imposto sobre as compras de dólares, em vez dos dois que existem agora.
Apesar das taxas, fazia sentido financeiro para muitos trocar pesos por dólares no banco, em vez de recorrer ao mercado negro comumente usado. Isso porque o peso despencou no mercado paralelo, tornando os dólares significativamente mais caros do que na taxa de câmbio oficial, mesmo com as taxas extras.
Na sexta-feira, um dólar no mercado negro custava o equivalente a 292 pesos, enquanto a taxa oficial com impostos correspondia a cerca de 253 pesos.
A crise política do governo – resultando em três ministros da Economia em um mês – exacerbou a já alta inflação na Argentina, pois empresas aumentaram os preços e cidadãos trocaram pesos por dólares para se proteger de perdas.
Os argentinos que compram dólares no banco adicionam mais pressão às reservas em moeda estrangeira cada vez menores do banco central, destinadas a evitar uma desvalorização adicional.
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