Powell: combater a inflação vai trazer ‘sofrimento’, mas não é hora de parar

Em discurso no simpósio de Jackson Hole, presidente do Fed afirma que ciclo de alta de juros deve continuar até que a estabilidade dos preços seja restaurada

Bloomberg Línea
26 de Agosto, 2022 | 10:57 AM

Bloomberg Línea — Os Estados Unidos vão continuar a ter juros mais elevados por período de tempo mais longo até as condições da inflação voltarem a estar de acordo com expectativas dos dirigentes de política monetária, deixou claro o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, durante a aguardada fala no simpósio de Jackson Hole, nesta sexta-feira (26).

Segundo Powell, as leituras de inflação mais baixas de julho “são bem-vindas, mas ficam aquém do que é necessário antes que o Fed tenha certeza de que os preços estão caindo”.

O presidente do Fed declarou que restaurar a estabilidade de preços “provavelmente vai exigir manter uma postura monetária apertada por algum tempo” e que a atual taxa de juros entre 2,25% e 2,50% não é o patamar final do ciclo de alta.

“Esses são custos infelizes para reduzir a inflação. Mas não restaurar a estabilidade dos preços significaria um sofrimento muito maior”, disse durante curta fala na abertura do simpósio de hoje.

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Os dados mais recentes de inflação, divulgados nesta sexta, mostram que o pico de preços parece ter ficado para trás, enquanto a economia do país desacelera. O Índice de Preços para Gastos de Consumo Pessoal (PCE), indicador de inflação amplamente seguido pelo Fed, teve alta de 0,1% em julho, resultado menor que o do mês passado e abaixo das expectativas do mercado.

Após o discurso, o dólar acelerou a queda para 0,69%, negociado a R$ 5,0758, acompanhando o enfraquecimento da moeda americana no exterior, com investidores reagindo à provável desaceleração da economia americana.

Os índices americanos viraram para queda, após uma manhã morna e uma semana de espera pelas falas em Jackson Hole. Os índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuavam 0,23%, 0,33% e 0,43%, respectivamente, perto das 11h20 (horário de Brasília).

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Acompanhe a íntegra das falas de Powell a seguir:

  • Será apropriado interromper o ritmo de aumentos de juros em algum momento
  • A economia dos EUA está claramente desacelerando, mas ainda tem um forte impulso remanescente
  • O registro histórico adverte fortemente contra o relaxamento prematuro da política monetária
  • Restaurar a estabilidade de preços provavelmente exigirá manter uma postura monetária apertada por algum tempo
  • A decisão sobre um aumento da taxa em setembro será baseada na totalidade dos dados desde a reunião de julho
  • A redução da inflação provavelmente vai pedir um período prolongado de crescimento abaixo da meta
  • O objetivo geral é retornar a inflação para a meta de 2%
  • A taxa de juros entre 2,25% e 2,50% não é o lugar para parar. Esses são os custos infelizes de reduzir para inflação, mas não restaurar a estabilidade dos preços significaria um sofrimento muito maior
  • Deve acontecer alguma flexibilização das condições de trabalho, e sofrimento para as famílias
  • O Fed está empurrando a política monetária de propósito a um nível suficientemente restritivo para fazer a inflação retornar a 2%
  • Manter a estabilidade de preços levará tempo e vai exigir fortemente o uso das ferramentas do banco central
  • O mercado de trabalho está notavelmente forte, mas desequilibrado. A inflação em alta se espalhou.
  • As leituras de inflação mais baixas de julho são bem-vindas, mas ficam aquém do que é necessário antes que o Fed tenha certeza de que a inflação está caindo
  • O Fed está empenhado em reduzir a demanda para uma melhor linha com a oferta
  • Quanto mais tempo a inflação alta persistir, maior a probabilidade de ela se manter assim

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Ana Siedschlag

Editora na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero e especializada em finanças e investimentos. Passou pelas redações da Forbes Brasil, Bloomberg Brasil e Investing.com.