Vai viajar? Veja quais são as companhias aéreas que mais cancelam voos

As companhias aéreas não estão conseguindo acompanhar o ritmo da recuperação da demanda por viagens no mundo pós-pandemia

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Bloomberg — Os passageiros que voam com a Virgin Australia e a holandesa KLM estão sofrendo algumas das maiores interrupções em suas viagens, pois a indústria da aviação, que está com falta de pessoal, está com dificuldades para lidar com o retorno da demanda.

A empresa de análise de dados Cirium monitorou um grupo de 19 companhias aéreas de todo o mundo – o mesmo grupo que a Qantas Airways utiliza para comparar seu desempenho – e constatou que a Virgin Australia cancelou a maior proporção de voos no trimestre encerrado em 26 de julho. Foram quase 2.200 voos, ou 5,9% de sua agenda, em comparação com 1,4% no mesmo período em 2019.

A Air New Zealand, a Qantas e a Lufthansa – maior companhia aérea da Europa – seguem como as que cancelaram voos com mais frequência durante o período. A Singapore Airlines teve o melhor registro, cancelando apenas 0,1% dos voos planejados.

Uma recuperação intensa nas compras de passagens com o afrouxamento das restrições de viagem devido à covid-19 sobrecarregou até as maiores e mais estabelecidas companhias aéreas. Após demitir dezenas de milhares de pilotos, tripulantes, agentes de bagagem e seguranças durante a pandemia, a indústria não consegue contratar com rapidez suficiente para acompanhar o ritmo. Analistas afirmam que pode levar meses até que o nível de serviço retorne à normalidade.

As companhias aéreas avaliadas no trimestre em questão espelham as utilizadas pela Qantas para aferir seu retorno total aos acionistas, de acordo com o relatório anual da companhia aérea. O grupo inclui o International Consolidated Airlines Group, que detém a British Airways, a Iberia e a própria Qantas.

É uma amostra relativamente pequena das companhias aéreas do mundo, o que significa que pode haver outras companhias aéreas menos conhecidas com registros de desempenho mais irregulares. O grupo também exclui as companhias aéreas da China, segundo maior mercado mundial da aviação antes da covid, mas que continuam amplamente fechado para voos internacionais.

A KLM, o braço holandês da Air France-KLM, disse em declaração que cancelou voos por diversos motivos, incluindo a falta de pessoal de segurança nos aeroportos. A empresa apontou medidas adicionais anunciadas no mês passado para aliviar a pressão, como o cancelamento de voos para a Europa e a restrição da venda de passagens. “Pedimos desculpas aos nossos passageiros afetados”, disse a companhia aérea.

O CEO da Air New Zealand, Greg Foran, disse que a programação da companhia aérea foi interrompida por condições climáticas severas e até mesmo pelo aumento dos casos de doenças na tripulação. “Esta certamente não é a experiência que queremos que nossos clientes tenham e sabemos que cada cancelamento tem um impacto”, disse Foran em uma declaração. A companhia aérea está contratando mais de mil funcionários para reforçar a resiliência operacional, disse ele.

A Lufthansa disse que vai cancelar quase 3 mil voos durante o verão em Frankfurt e Munique, mas que está tentando evitar o cancelamento diário de voos para minimizar o impacto sobre os passageiros. “O objetivo é oferecer uma programação estável de voos”, disse a companhia aérea em declaração.

A Virgin Australia, que opera o menor número de voos internacionais no grupo monitorado, afirmou que teve um desempenho melhor em cancelamento de voos que sua concorrente mais próxima, a Qantas, no período de cinco meses encerrado em junho, com base em dados do governo australiano que a Virgin usa para comparar seu desempenho doméstico. Andrew David, CEO de voos domésticos e internacionais da Quantas, disse que as taxas de cancelamento estão próximas dos níveis pré-pandemia. “Estamos vendo melhorias, mas sabemos que temos mais trabalho a fazer”, disse ele.

O aeroporto de Sydney está com dificuldades para lidar com uma recuperação na demanda em um país desesperado para voar novamente depois de ficar com suas fronteiras fechadas por dois anos. A Qantas, a maior companhia aérea da Austrália e, em menor escala, a Virgin, viraram alvos de represálias nas redes sociais por parte de passageiros insatisfeitos.

A Europa também está lidando com o caos das viagens. O aeroporto de Heathrow em Londres, por exemplo, anunciou um limite de dois meses para o tráfego diário de passageiros para limitar a agitação e os inconvenientes, como o extravio de bagagem. Os problemas estão sendo exacerbados em todo o continente com greves por melhores salários e condições.

A British Airways disse que cancelaria outros 10,3 mil voos durante o verão, levando o total de cancelamentos desde abril para cerca de 30 mil voos.

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