Startup colombiana de materiais de construção chega ao Brasil com foco em lojista

Aplicativo para a indústria de construção, avaliado em US$ 800 milhões, tem a Colômbia e o México como seus principais mercados

Por

São Paulo — A Tul, plataforma colombiana de e-commerce para materiais de construção, começou oficialmente a atender clientes brasileiros. Em entrevista à Bloomberg Línea, Iris Freund, líder de marketing da Tul no Brasil, disse que a startup iniciou as contratações e montagem do centro de distribuição há alguns meses, mas que agora o aplicativo está disponível para lojistas de São Paulo.

No começo de junho, a empresa lançou as operações em modo beta no Brasil, mês em que a Tul encerrou suas atividades no Equador, ao que o CEO Enrique Villamarin Lafaurie atribuiu à nova realidade “em que é necessário buscar maior eficiência e focar em outros mercados para poder continuar”.

“A diretriz da Tul é que a gente foque o maior esforço possível no nosso lojista. O mercado do Equador, além de ser um negócio pequeno para a Tul, estava focando em um canal que a gente chamava de canal construtor, onde a gente não focava exatamente nesse lojista, e sim no canal para atrair grandes construtoras, perdia um pouco o foco do modelo de negócio da Tul”, explicou Freund.

Lançada em 2020 com o foco em ajudar na gestão do negócio do pequeno lojista de material de construção, a Tul atua hoje na Colômbia, México (seus dois maiores mercados, respectivamente) e agora no Brasil.

“O Brasil tem tudo para ocupar esse lugar de segundo ou até de primeiro lugar na operação muito rapidamente”, afirmou Freund.

“Mas a gente sabe que no negócio de startups hoje não dá para sair queimando caixa, a gente precisa ter esse equilíbrio para adquirir novos clientes, mas também mostrar um pouco de rentabilidade no negócio e sustentabilidade”, disse. “Tudo está sendo feito com muita responsabilidade e muita cautela”.

A Tul foi avaliada em US$ 800 milhões depois de captar US$181 milhões em uma rodada Série B com a 8VC em janeiro deste ano. Avenir Growth Capital, Coatue, Tiger Global, SoftBank Latin America Fund, Monashees, Lightrock e Foundamental também são investidores da startup de Bogotá.

Em entrevista com a Bloomberg News após a Série B, Villamarin disse que esperava que a Tul atingisse uma receita de US$ 450 milhões até o final de 2022.

O modelo de negócio da empresa consiste em disponibilizar estoque para pequenos varejistas de materiais de construção de uma forma mais barata e sem dificuldades de suprimento, algo similar ao que a Oico, investida da Tiger Global no início do ano, propôs fazer.

A Tul também oferece crédito para as compras e aluguel de ferramentas, além de rastrear os pedidos na Colômbia e México. No Brasil, isso não é oferecido.

No Brasil, a Tul tem 54 funcionários e 15 contratações indiretas. O transporte dos materiais, feito com caminhões, são de empresas terceirizadas. A empresa segue trazendo pessoas para o time comercial.

A plataforma não divulga dado de burn rate, segundo Freund, mas disse que o Brasil tem um mercado endereçável de 140 mil lojistas de material de construção.

Freund explica que em um dia o lojista recebe o produto comprado pelo e-commerce. “Existe uma avaliação no custo de transporte, equilíbrio entre como a gente condensa esses pedidos e faz essa otimização da entrega por região. Tudo funciona como um equilíbrio entre demanda e oferta, a gente precisa gerar esses pedidos, gerar essa disponibilidade de portfólio e de oferta e a demanda para que a gente não tenha a saída vazia dos caminhões”, disse.

Até o final do ano, a Tul quer ocupar a área metropolitana de São Paulo antes de ter uma cobertura nacional. Entre a Colômbia e o México, a empresa diz ter 30 mil clientes.

Leia também:

Valor e Tiger investem R$ 30 mi na Oico, marketplace de construção