Valor e Tiger investem R$ 30 mi na Oico, marketplace de construção

A startup faz a ponte entre construtoras e fornecedores para obras na cidade de São Paulo

Fundadores da Oico, Pedro Dellagnelo e Pedro Rocha (Divulgação/Oico)
27 de Janeiro, 2022 | 07:00 AM

Bloomberg Línea — Marketplace B2B de material de construção, a brasileira Oico anunciou nesta quinta-feira (27) que captou R$ 30 milhões (US$ 5,5 milhões) em uma rodada Seed liderada pelo Valor Capital Group. A Tiger Global e o braço de investimento da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), além do investidor-anjo Jonathan Wasserstrum, CEO do SquareFoot, e os já investidores Maya Capital e FJ Labs, também participaram do aporte.

A Oico (que vem do nome Oikos, que significa “casa”, em grego), foi criada em 2020, com um Pre-Seed de R$ 8,5 milhões. A ideia dos novos empreendedores Pedro Dellagnelo e Pedro Rocha foi facilitar a compra de material para obras de construtoras e incorporadoras.

A plataforma da Oico faz a ponte entre os fornecedores e as empreiteiras e gerencia essa venda até a entrega do material na obra, feito em parceria com transportadoras. A ideia era fazer um negócio como o Rappi, mas focado em B2B e nichado para o mercado de construção.

“Vimos que antes, a entrega era demorada e pouco confiável, e o pedido já estava faturado. Era uma experiência muito antiga se compararmos com o que se tem hoje com marketplaces para pessoas físicas”, disse Rocha.

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Com a proposta de one-stop-shop, que concentra o pagamento em um mesmo ambiente, a Oico promete uma entrega mais rápida. “E também mais barata se você pensar no gasto com tempo de mão de obra. Um dia que a obra fica parada porque você não recebe material, é um prejuízo muito grande”, afirmou. A Oico ganha uma comissão sobre cada transação feita na plataforma.

‘Pedro, sobre esta pedra edificarei’

O foco da Oico são as obras rápidas, de pequenas e médias incorporadoras que fazem reformas ou pequenas construções. A plataforma só opera em São Paulo e tem 100 clientes. “Esses clientes têm muita recorrência e volume de compras, então não há a necessidade de termos muitos clientes para continuar crescendo as vendas de forma acelerada”, pontuou.

Empreendedores de primeira viagem, os “Pedros” também estão se aventurando pela primeira vez no setor de construção. Rocha passou a última década trabalhando com agricultura e teve experiência em startups. Já Dellagnelo trabalhava com tecnologia para compras.

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Em 2019, eles começaram a trabalhar com as empreiteiras para entender o processo de compras e como agregar tecnologia para ajudar. “Tenho clientes hoje que tocam mais de 50 obras ao mesmo tempo e fazem dezenas de pedidos por semana. Se você multiplica a ineficiência nas compras pelo volume de compras que esse cliente faz, é um tempo perdido muito grande. Nós vimos que o varejo é muito grande e o setor era muito fragmentado, com 50 mil fornecedores independentes. Quando há muito fornecedor, eles não conseguem desenvolver tecnologia para melhorar a experiência do cliente. E nós conseguimos unir as duas pontas”, disse Rocha.

É o mesmo negócio da empresa indiana Infra.Market, que também tem a Tiger entre seus investidores. Segundo Rocha, os investidores estão atentos para os marketplaces B2B, o que ele acredita que ser “a nova fronteira do e-commerce”.

“Vemos que empresas que conhecem essa indústria sabem o tamanho do mercado e o tamanho do desafio e a necessidade de inovação. É por isso que a gente tem, por exemplo, a CSN fazendo um investimento na gente, porque eles vêem a necessidade e o futuro que tem esse mercado”.

Desde o início da operação, a Oico disse ter crescido 30 vezes. Agora, a nova rodada será aplicada em infraestrutura para melhor experiência de compra e na contratação de pessoas para tecnologia e operações. Hoje, a startup tem pouco mais de 40 pessoas no time.

“Queremos trazer talento de ponta, que não necessariamente seria atraído para esse mercado. Não é um mercado super sexy para quem vê de fora”.

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups