Não é só a Petrobras: lucro da Exxon Mobil tem recorde histórico com combustíveis

Maior petroleira dos Estados Unidos teve lucro de US$ 4,14 por ação, acima do consenso Bloomberg de US$ 3,98

As ações da Exxon subiram mais de 50% este ano, o terceiro melhor desempenho no índice S&P 500
Por Kevin Crowley
29 de Julho, 2022 | 09:01 AM

Bloomberg — A Exxon Mobil (XOM) registrou o melhor lucro de todos os tempos, colhendo os frutos do aumento dos preços das commodities à medida que as interrupções no fornecimento se precipitam sobre a crescente demanda e os consumidores sentem o aperto na oferta de petróleo.

O lucro ajustado do segundo trimestre de US$ 4,14 por ação superou os US$ 3,98 previstos pelo consenso da Bloomberg. O lucro líquido chegou a US$ 17,9 bilhões, superando o recorde anterior estabelecido em 2008. O maior explorador de petróleo dos Estados Unidos seguiu as gigantes europeias Shell e TotalEnergies, além da brasileira Petrobras (PETR4), na divulgação de resultados sem precedentes.

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Os lucros da Exxon vêm em um momento político arriscado para a indústria do petróleo, que foi acusada de lucrar com as consequências da invasão da Ucrânia pela Rússia e de não investir o suficiente em novas perfurações. Ainda assim, o recente recuo nos preços do petróleo e da gasolina pode fornecer aos executivos alguma cobertura da reação política que enfrentaram em junho, quando o presidente americano Joe Biden acusou a Exxon de ganhar “mais dinheiro do que Deus”.

Com os temores de recessão ganhando ritmo, o segundo trimestre pode acabar marcando o ponto alto para as grandes petrolíferas este ano. Os preços internacionais do petróleo saltaram acima de US$ 120 o barril durante o período de abril a junho - uma alta de 14 anos - mas desde então caíram cerca de 20%. As margens de refino dos EUA também deflacionaram um pouco desde que atingiram altas históricas, embora os preços do gás natural permaneçam elevados em todo o mundo.

As ações da Exxon subiram mais de 50% este ano, o terceiro melhor desempenho no índice S&P 500. Em abril, a empresa triplicou seu programa de recompra de ações para US$ 30 bilhões até o final de 2023.

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Executivos de petróleo, incluindo o CEO da Exxon, Darren Woods, fizeram uma série de aparições públicas e declarações nas últimas semanas defendendo o aumento de lucro do setor. Woods apontou que a Exxon sofreu uma perda recorde de mais de US$ 20 bilhões em 2020 e assumiu grandes dívidas para financiar grandes projetos, como a produção de petróleo em águas profundas na Guiana e expansões de refinarias que aumentarão o fornecimento de combustível nos próximos anos.

Nos EUA, tanto a Exxon quanto a Chevron estão aumentando a produção de petróleo na Bacia do Permiano em mais de 15% este ano, mas isso compensará principalmente o declínio da produção de poços em outras partes do mundo.

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