Mercados se apoiam em balanços, questionam recessão e sobem

Bateria de indicadores - PCE nos EUA, inflação e PIB na Europa - orienta os negócios de hoje, que evidenciam uma percepção mais positiva dos investidores

Conheça os eventos que vão orientar os investidores nesta terça-feira, 5 de julho
29 de Julho, 2022 | 07:13 AM

Barcelona, Espanha — Em questão de dias, o mercado levantou duas novas hipóteses para a economia norte-americana. A primeira, que uma desaceleração econômica dispensaria o Federal Reserve (Fed) de subir as taxas de juros com mais afinco. A segunda é a dúvida se os Estados Unidos estariam realmente entrando em recessão - seu Produto Interno Bruto (PIB) se contraiu pela segunda vez consecutiva.

Ainda que o resultado seja negativo, a desaceleração do PIB é inferior à do trimestre anterior e os economistas debatem sobre se a metodologia para o cálculo seria a mais apropriada e se, de fato, estaria espelhando uma recessão.

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💃🏻 Animação. Embora a incerteza siga pairando no ar, há uma evidente melhora no pano de fundo do mercado. A perspectiva de um aperto monetário menos intenso é uma delas. E demonstração de força das empresas nesta temporada de balanços - com resultados e guidances melhores que o esperado em boa parte dos casos - termina de animar os investidores.

As ações na Europa e nos EUA parecen se dirigir à sua maior alta mensal desde novembro de 2020. No continente, o setor bancário era o destaque de alta, impulsionado por resultados acima do esperado do Banco Bilbao Vizcaya Argentaria SA, Standard Chartered Plc e do BNP Paribas SA. Os papéis da Hermes International subiam mais de 7% depois de a empresa entregar resultados fortes, se unindo a competidores do mercado de luxo como LVMH e Kering.

Os futuros de Nasdaq 100 subiam firmemente, apoiados nos balanços de Amazon e Apple, divulgados ontem com receitas superiores às estimativas. O petróleo subia, rumo a uma alta semanal, diante da possibilidade de redução da demanda no caso de se confirmar uma recessão econômica.

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→ Os fatores que estão orientando os mercados:

📊 Agenda macro cheia. Hoje os olhos estarão dirigidos, além dos balanços, aos dados macroeconômicos, com destaque para o deflator do Consumo Privado (PCE) dos EUA, indicador de inflação que orienta o Fed. Na Europa, o foco está no PIB e na inflação ao consumidor.

🇪🇺 Surpresa! Enquanto isso, na manhã europeia, o crescimento do PIB de países da Zona do Euro superou as expectativas, colocando-os em uma base mais firme em um ambiente de inflação em alta e risco de interrupção de energia por parte da Rússia.

Após uma contração surpresa no início de 2022, a produção francesa subiu 0,5% nos três meses até junho - mais do que a mediana das estimativas de 0,2% dos analistas consultados pela Bloomberg. Na Espanha, o produto interno bruto saltou 1,1% - quase três vezes o ritmo estimado.

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Alegria que dura pouco. Porém, a Alemanha - a economia número 1 da Europa - se estagnou. O Fundo Monetário Internacional (FMI) disse esta semana que a Alemanha deverá ser o país com pior desempenho no Grupo das Sete Nações em 2022, devido à dependência de seu setor industrial do gás natural russo.

👻 Assombra-preços. A inflação continua assombrando. A má notícia para o país ibérico foi que sua inflação disparou para 10,8%, segundo dados preliminares divulgados hoje. Se o indicador fechado se mantiver assim, superará a marca de junho (10,2%) e representará o nível mais alto desde setembro de 1984.

A inflação alemã retomou inesperadamente sua escalada, acrescentando urgência ao impulso do Banco Central Europeu de continuar subindo as taxas de juros. Os preços ao consumidor alemão saltaram 8,5% ano a ano, contra estimativas de 8,1% dos economistas, segundo dados de ontem.

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Um panorama dos mercados no começo do dia
🟢 As bolsas ontem: Dow Jones Industrials (+1,03%), S&P 500 (+1,21%), Nasdaq Composite (+1,08%), Stoxx 600 (+1,09%), Ibovespa (+1,14%)

As bolsas norte-americanas reagiram em alta após o resultado trimestral do Produto Interno Bruto (PIB) marcar o que é conhecido como uma recessão técnica, embora analistas e políticos tenham ficado presos em uma discussão sobre se a economia de fato abrandou até esse ponto. Embora os dados tenham sido uma surpresa para Wall Street, com os economistas pesquisados pela Bloomberg esperando um ligeiro aumento de 0,4%, os investidores estão abraçando a ideia de que o Fed terá que ser menos agressivo em sua tentativa de controlar a inflação.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

• EUA: Indicador de Preços PCE/Jun, Renda do Consumidor, Indicador de Confiança do Consumidor da Universidade de Michigan, Índice do Custo do Emprego/2T22, PMI de Chicago/Jul

• Europa: Zona do Euro (IPC/Jul, PIB/2T22); Alemanha (PIB/2T22, Preços de Bens Importados/Jun, Taxa de Desemprego/Jun); França (PIB/2T22; IPC); Reino Unido (Crédito ao Consumidor BoE/Jun, Aprovações de Hipotecas/Jun); Espanha (PIB/2T22; IPC); Itália (PIB/2T22, IPP/Jun)

• Ásia: Japão (Índice da Confiança Entre as Famílias/Jul, Encomendas de Construção/Jun))

• América Latina: Brasil (Balanço Orçamentário/Mai, Taxa de Desemprego); México (PIB/2T22); Chile (Vendas no Varejo/Jun; Produção Industrial/Jun); Colômbia (Decisão de Política Monetária)

• Balanços do dia: Sony, Exxon Mobil, Procter&Gamble, Chevron, AbbVie, AstraZeneca, Colgate-Palmolive, BNP Paribas, Eni, Intesa Sanpaolo, LyondellBasell, Engie, BBVA, NatWest, Citrix. Nutresa, Santander Chile, Itaú CorpoBanca

(Com informações da Bloomberg News)

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.