Vai um chopp aí? Brahma bate recorde de vendas e impulsiona resultado da Ambev

Entre abril e junho deste ano, a marca teve seu maior volume em um segundo trimestre, com crescimento de 20% ante um ano antes

Chopp Brahma é destaque no trimestre
28 de Julho, 2022 | 02:48 PM

Bloomberg Línea — A reabertura dos bares e o retorno das atividades fora de casa, após as medidas de isolamento social impostas pela pandemia de covid, contribuíram para o destaque de uma cerveja que por algum tempo não se destacava nos resultados da Ambev (ABEV3): o Chopp Brahma.

Entre abril e junho deste ano, a marca teve seu maior volume em um segundo trimestre, com crescimento de 20% ante um ano antes. O mesmo aconteceu com a cerveja Original, que também se destacou entre as marcas premium. O balanço foi divulgado nesta quinta-feira (28).

No último trimestre, a Ambev entregou mais de 40 milhões de hectolitros, um recorde para um segundo trimestre, apesar da pressão inflacionária nos mercados de atuação da companhia. O volume cresceu 6,1% no consolidado, impulsionado principalmente pelo Brasil, onde a “premiumização” continua.

  • O lucro líquido ajustado ficou na ordem dos R$ 3 bilhões no período, um crescimento de 4,2% em relação a R$ 2,96 bilhões registrados no mesmo trimestre de 2021. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, na sigla em inglês) ajustado ficou em R$ 5,54 bilhões, crescimento de 4,7% ano sobre ano.
  • Já a receita líquida ficou em cerca de R$ 18 bilhões, um crescimento de 14% em relação ao apresentado no segundo trimestre de 2021, com volume de cerveja no Brasil em 21.944k hl.

O que dizem os analistas

Na avaliação da XP Investimentos, os resultados vieram fortes e trouxeram melhores fundamentos neste último trimestre. A casa tem recomendação de compra para as ações ABEV3 e preço-alvo de R$ 18,80 para fim de 2022.

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“Com o ambiente macro ainda desafiador, vemos o segundo trimestre da Ambev como chave para uma mudança positiva nas percepções de curto e médio prazo. Isso porque os preços das commodities estão com tendência de queda e devem descomprimir as margens sequencialmente”, escrevem os analistas.

Em relatório, o Itaú BBA escreve que o principal destaque no último trimestre foi o forte volume do segmento cervejeiro brasileiro, que impulsionou “um sólido desempenho de receita, marcando mais um trimestre de ganhos de market share para a Ambev”.

Principais mercados

Na América Latina, o volume de cerveja teve crescimento de 1,5%, auxiliado pela Bolívia, que continua a se recuperar de ondas sequenciais de infecções causadas pela covid-19.

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Na região, a Ambev afirma que tem permanecido atenta aos desdobramentos macroeconômicos que poderiam prejudicar os negócios da companhia, em especial na Argentina, que tem apresentado forte volatilidade em meio à disparada da inflação e depreciação cambial.

Na América Central e no Caribe (CAC) bem como no Canadá, o desempenho do volume foi negativo. Na CAC, a República Dominicana foi impactada pela escassez de garrafas de vidro principalmente em abril e em maio, enquanto no Panamá, além dos problemas de fornecimento, houve uma mudança na dinâmica concorrencial de curto prazo.

Por fim, no Canadá, apesar de a reabertura ocorrer depois do fim das restrições geradas pela covid, os negócios daa Ambev foram impactados ainda por uma indústria fraca.

Reajuste

Em teleconferência com jornalistas, o CFO da Ambev, Lucas Lira, evitou comentar expectativas de um anúncio de reajuste nos preços das cervejas neste segundo semestre, a fim de compensar pressões nos custos da indústria.

Ele disse que a companhia aposta na força de vendas de bebidas com a Copa do Mundo de futebol, a partir de novembro, no Catar, emendando com as festas de fim de ano.

É a primeira vez que teremos a Copa do Mundo com a entrada do verão, com o fim do ano, época de mais encontros e celebrações. Para gente, isso é um novidade, e estamos bem preparados para a oferta de produtos”, comentou.

Em relatório sobre o resultado da Ambev, analistas do Bradesco comentaram que os preços das commodities em tendência de queda sugerem que a pressão de custos diminuirá gradualmente, um fator chave para explicar a pressão de margem nos últimos trimestres.

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O banco projetou uma margem Ebitda de 37% em 2024, significativamente superior ao consenso de 31%. “A ação está sendo negociada a um atraente múltiplo P/L de 15x em 2023, abaixo da média histórica de 23x”, observou a equipe do Bradesco.

O relatório também destacou o aumento de 8,5% em base anual nos volumes de cerveja no Brasil, acima da expectativa do mercado (+4-5%) no período. “Esse resultado de volume provavelmente se deve ao fato de a empresa continuar a executar bem sua estratégia de crescimento (por exemplo, inovações) e aproveitar um ambiente competitivo favorável que provavelmente continuará (por exemplo, a Heineken pode enfrentar restrições de capacidade até meados de 2024, quando deve abrir uma nova planta e, portanto, está focada em aumentar os preços)”.

(Atualiza às 16h45 com fala do CFO e relatório do Bradesco)

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.

Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.