Mercados em compasso de espera em dia de Fed e de turbilhão de balanços

Balanços de pesos-pesados, entre eles o da Meta, e uma série de indicadores importantes engrossam o caldo das operações de hoje

Conheça os eventos que vão orientar os investidores nesta terça-feira, 5 de julho
27 de Julho, 2022 | 08:03 AM

Barcelona, Espanha — (Esta é a atualização de nota publicada originalmente às 6h15)

A semana está movimentada, com indicadores macroeconômicos e balanços chacoalhando o mercado financeiro, mas o encontro mais esperado acontece hoje: chegou o dia de o Federal Reserve (Fed) dar seu veredito sobre o custo do dinheiro da maior economia do mundo. O banco central norte-americano deve optar por outro aumento de 0,75 ponto percentual, elevando os juros para a faixa de 2,25% a 2,5%, conforme a opinião preponderante no mercado.

Os futuros de índices nos EUA subiam antes da decisão do Fed. Os contratos indexados ao Nasdaq 100, com tecnologia pesada, subiam com ímpeto, enquanto as principais ações de tecnologia e internet avançaram nas negociações pré-mercado após os balanços da Alphabet Inc., Microsoft Corp. e Texas Instruments Inc. Na Europa, também prevalece a valorização, com o setor bancário ganhando mesmo quando o Credit Suisse Group AG registrou um prejuízo maior do que o esperado e o Deutsche Bank AG alertou sobre os custos.

O clima continua agitado diante de um aumento muito esperado das taxas de juros do Fed - parte de uma onda global de aperto monetário para conter a inflação que está alimentando as preocupações sobre uma desaceleração econômica mundial. O aperto monetário, as preocupações em torno da crise energética na Europa (sobretudo depois da invasão russa à Ucrânia) e os desafios do setor imobiliário da China na era Covid-19 estão entre os riscos que obscurecem o panorama global.

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O Fundo Monetário Internacional advertiu que a economia mundial poderá em breve estar à beira de uma recessão, enquanto o Goldman Sachs Group Inc. disse que a Zona do Euro provavelmente já esteja se contraindo.

👀 Ação presente, olhos no futuro. Talvez a maior surpresa que o Federal Reserve possa oferecer hoje ao mercado de juros nos Estados Unidos hoje seja uma visão mais clara de quanto mais a taxa básica precisará subir para restaurar a estabilidade de preços. Por ora, os contratos de swap que fazem referência às datas de reuniões do Fed precificam um aumento de meio ponto em setembro e um pico em torno de 3,4% em dezembro, seguido por cortes em 2023.

🤔 Má notícia que neutraliza outra pior. Nas últimas semanas, diante da divulgação de dados macroeconômicos que acenam para uma recessão, uma ala do mercado começou a apostar que o Fed poderia diminuir a dose de aperto monetário - segundo esta teoria, a probabilidade de uma desaceleração econômica se encarregaria de esfriar a persistente e duradoura inflação.

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⏰ Ainda é cedo. Mas estrategistas como os do Goldman Sachs e do Morgan Stanley defendem outra lógica. Para eles, é provável que o Fed mantenha durante mais tempo sua atitude “hawkish”, mais enérgica quando o tema é subir juros, dada a persistente inflação nos EUA. Para eles, os mercados podem estar subestimando o risco das contínuas pressões inflacionárias.

🌊 O dia será agitado. Como se não bastasse a tão esperada decisão do Fed, hoje o dia está cheio de indicadores que medem o pulso da economia real e o ânimo dos investidores tanto nos EUA como na Europa. E a agenda de balanços está transbordando, com gigantes como Meta, Qualcomm, Boeing, Airbus, Rio Tinto, Ford, Spotify, Credit Suisse, para citar alguns poucos nomes.

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Um panorama em dia chave para os mercados com reunião do Feddfd
🟢 As bolsas ontem: Dow Jones Industrials (-0,71%), S&P 500 (-1,15%), Nasdaq Composite (-1,87%), Stoxx 600 (-0,03%), Ibovespa (-0,50%)

Os mercados acionários caíram depois que o FMI pintou um quadro sombrio para a economia global e com os resultados decepcionantes do Walmart. O Fundo Monetário espera que o PIB mundial se desacelere para 3,2% em 2022, um impacto significativo considerando o crescimento de 6,1% do ano passado. Em abril, a projeção para o ano fechado era de 3,6%. Além disso, a confiança dos consumidores norte-americanos caiu para seu pior nível desde fevereiro de 2021. O Walmart, maior varejista do mundo, projetou que seu lucro ajustado cairá 13% no ano fiscal atual, reflexo do golpe da inflação no bolso dos consumidores.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

EUA: Reunião do Fed. Índice de Compras MBA, Pedidos de Hipotecas MBA; Pedidos de Bens Duráveis/Jun, Balança Comercial de Bens/Jun; Estoques no Atacado e no Varejo; Vendas Pendentes de Moradias/Jun; Atividade das refinarias de Petróleo pela EIA

Europa: Zona do Euro (Empréstimos ao Setor Privado/Jun); Alemanha (Clima do Consumidor GfK/Ago); França (Confiança do Consumidor/Jul); Itália (Confiança Empresarial e do Consumidor/Jul)

Ásia: Japão (Índice de Indicadores Antecedentes)

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América Latina: Brasil (Empréstimos Bancários/Abr); México (Balança Comercial/Jun)

Bancos centrais: Decisão do Fed sobre os juros dos EUA (às 15h de Brasília)

Balanços do dia: Meta, T-Mobile, Qualcomm, Bristol-Myers Squibb, Boeing, Airbus, Rio Tinto, Kering, Iberdrola, Lam Research, Mercedes-Benz, Boston Scientific, Shopify, Ford, Kraft Heinz, BASF, Universal Music Group, Danone, Hilton, Vici, Spotify, Credit Suisse.

📌 Para a semana:

Balanços: Apple, Amazon, Petrobras, Nestlé, Vale, Mastercard, Pfizer entre outros

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Quinta: PIB dos EUA

Sexta: CPI da Zona do Euro. EUA: Renda do Consumidor, indicador de sentimento de consumo da Universidade de Michigan

(Com informações da Bloomberg News)

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.