Banco Central é recrutado para salvar Amazônia da mineração ilegal

Brasil comercializou 229 toneladas de ouro com graves indícios de ilegalidade entre 2015 e 2020, cerca de 50% da produção nacional

Falta de controle permite que mineradores ilegais façam falsas declarações de origem registrando um número de título válido
Por Mariana Durão
27 de Julho, 2022 | 07:02 PM

Bloomberg — A ameaça à Amazônia brasileira representada pela mineração ilegal é tão grande que a indústria legal está tentando envolver o Banco Central do Brasil na situação.

Com grandes empresas e organizações não governamentais pressionando por uma repressão aos fluxos de ouro não regulamentados, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, prometeu buscar maneiras de melhorar a supervisão de compradores autorizados pela autarquia, disse o instituto de mineração Ibram em comunicado após reunião com Campos Neto. O Ibram e a Polícia Federal também estão desenvolvendo um sistema de rastreabilidade usando radioisótopos para estabelecer um DNA para o ouro brasileiro.

As grandes mineradoras querem se diferenciar da mineração ilegal “dominada por organizações criminosas”, disse por telefone o presidente do Ibram, Raul Jungmann. “A mineração ilegal impacta a reputação do setor, causando restrições em termos socioambientais, de imagem e de aprovação de mercado.”

A organização de sustentabilidade Instituto Escolhas estima que o Brasil comercializou 229 toneladas de ouro com graves indícios de ilegalidade entre 2015 e 2020, cerca de 50% da produção nacional. De acordo com um estudo, uma série de corretores de títulos representava um terço de todo o ouro identificado.

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No Brasil, todo o ouro da mineração artesanal, conhecido como garimpo, deve ser vendido para empresas credenciadas pelo Banco Central. A falta de controle permite que mineradores ilegais façam falsas declarações de origem registrando um número de título válido.

A lei local isenta as corretoras de responsabilidade por irregularidades, garantindo que as compras de ouro possam ser feitas com base na presunção de “boa fé”, desde que os mineradores ilegais forneçam um certificado de origem auto-emitido. As mineradoras e grupos de sustentabilidade querem que essa regulamentação seja banida.

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