Alta de matéria-prima ameaça fabricação de equipamentos de energia solar

Fabricantes chineses enfrentam escassez de polissilício devido a paralisações e à procura intensa por energia limpa na Europa

Custos mais altos começaram a suprimir a demanda, especialmente para fazendas solares gigantes em escala de serviços públicos na China
Por Bloomberg News
27 de Julho, 2022 | 09:05 AM

Bloomberg — Fabricantes de equipamentos de energia solar continuaram a elevar os preços esta semana, com a alta dos custos do polissilício se espalhando pela cadeia de suprimentos e ameaçando desacelerar a implantação de energia limpa.

Na segunda-feira (26), a Tongwei, fabricante chinesa de painéis, aumentou os preços das células solares de 3,2% a 4,1%, dependendo do tamanho, enquanto a Longi Green Energy, também da China, elevou os preços de wafer de 3,3% a 4,3% na terça. Os aumentos ocorreram depois que os preços do polissilício, o principal material em ambos os produtos, subiram 15% desde meados de maio em meio a paralisações de fábricas devido a acidentes e manutenções planejadas.

O custo médio do polissilício permaneceu em 297,6 yuans (US$ 44) por quilo na quarta-feira, segundo a Associação da Indústria de Silício da China. O nível permaneceu inalterado, já que nenhum acordo foi assinado esta semana, e a associação disse que os preços devem subir ainda mais em agosto.

Custos mais altos começaram a suprimir a demanda, especialmente para fazendas solares gigantes em escala de serviços públicos na China, que são sensíveis ao preço. Ainda assim, os aumentos da Tongwei e da Longi indicam que ainda há compradores dispostos a pagar as taxas mais altas, especialmente para fugir de combustíveis fósseis geradores de energia, como carvão e gás natural, que atingiram recordes este ano.

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“A capacidade de fabricantes de wafer como a Longi de aumentar as cotações de preços dos produtos também implica uma forte demanda”, disse Dennis Ip, analista da Daiwa Capital Markets, em relatório.

As exportações chinesas de energia solar aumentaram este ano, especialmente para a Europa, à medida que os países tentam acelerar suas transições energéticas para se livrar da energia russa após a invasão da Ucrânia. As exportações totais em maio foram de US$ 4,3 bilhões, quase o dobro do ano anterior.

O mercado de polissilício deve permanecer apertado até setembro, de acordo com a Daiwa, antes que a nova capacidade entre em operação no quarto trimestre e afrouxe os gargalos de produção.

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