BofA é o mais recente banco de Wall Street a prever recessão para este ano

PIB dos EUA deve cair 1,4% no quarto trimestre na comparação anual, segundo economistas do banco de investimento

Bank of America prevê contração da economia americana classificada como recessão já em 2022
Por Scott Lanman - Ana Monteiro e Maria Paula Mijares Torres
13 de Julho, 2022 | 02:25 PM

Bloomberg — Economistas do Bank of America (BAC) preveem uma “recessão leve neste ano” nos Estados Unidos, com uma combinação de gastos com serviços em queda e inflação alta que leva os consumidores a recuar nas compras.

“Várias forças coincidiram para desacelerar o ímpeto econômico mais rapidamente do que esperávamos”, disseram analistas liderados por Michael Gapen, que recentemente ingressou no banco como economista-chefe para os Estados Unidos. Entre as forças estão a inflação de alimentos e energia, que deixa famílias com menos disponibilidade para compras discricionárias - não obrigatórias -, e condições financeiras mais duras, como taxas de financiamento imobiliário mais altas.

O BofA se une ao Wells Fargo e ao japonês Nomura como grandes instituições com projeção de recessão já em 2022. Economistas do Deutsche Bank, um dos primeiros grandes bancos a prever uma contração, esperam que isso aconteça a partir de meados de 2023.

Os economistas do BofA esperam que o PIB dos EUA caia 1,4% no quarto trimestre em relação ao ano anterior, seguido por um aumento de 1% em 2023. Isso deve aumentar a taxa de desemprego em 1 ponto percentual, para cerca de 4,6%, o que ajudará a moderar a inflação.

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Um relatório do governo americano divulgado nesta quarta-feira mostrou uma alta anual do índice de preços ao consumidor (o CPI) de 9,1%, o maior avanço desde o final de 1981.

Inflação implacável: Inflação nos EUA veio mais alta que o esperado com aumento de preços difundidodfd

As previsões dos economistas do BofA colocam a inflação amplamente alinhada com a meta de 2% ao ano do Federal Reserve até o fim de 2024. Ou seja, levaria ainda até dois anos para que o índice de preços voltasse à meta.

Os números de inflação em alta manterão as autoridades do Fed em uma trajetória de política monetária agressiva para conter a demanda e aumentarão a pressão sobre o presidente Joe Biden e os democratas no Congresso, cujo apoio tem afundado antes das eleições de meio de mandato em novembro.

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O Fed elevou juros em 0,75 ponto percentual no mês passado - a maior alta desde 1994 -, para o intervalo entre 1,50% e 1,75%, e a maioria dos dirigentes do BC americano já sinalizou que outro aumento da mesma magnitude está na mesa para o final deste mês.

Os economistas do BofA esperam que o Fed eleve os chamados Fed funds para o intervalo entre 3,25% e 3,5% até o final do ano, incluindo outro aumento de 0,75 ponto percentual na reunião deste mês.

“Achamos que o Fed analisará os dados do mercado de trabalho e os dados de inflação e concluirá que precisa continuar se movendo rapidamente”, disse Gapen em entrevista a Jonathan Ferro na Bloomberg Television na quarta-feira (13).

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