Não está fácil para ninguém: por que ator chinês aceitou trabalho no governo?

Jackson Yee, de 22 anos, dissolveu sua empresa para integrar equipe de teatro patrocinada pelo governo

Yee agora faz parte da equipe de um teatro patrocinado pelo governo que costuma levar aos palcos clássicos da literatura chinesa
Por Bloomberg News
09 de Julho, 2022 | 03:27 PM

Bloomberg — Um dos jovens atores mais populares da China fechou sua empresa de entretenimento e aceitou um emprego em um teatro patrocinado pelo governo, decisão saudada por usuários das redes sociais do país considerando o estado da economia.

Jackson Yee, um jovem de 22 anos que ganhou fama como membro da popular boy band TFBoys e apareceu em filmes como “A Batalha no Lago Changjin”, foi provisoriamente aceito no Teatro Nacional da China como ator, disse o Ministério de Recursos Humanos e Previdência Social.

Yee também dissolveu sua empresa, que estava envolvida na produção de filmes e no agenciamento de talentos, informou o site de notícias Jiemian. O ator cujo nome chinês é Yiyang Qianxi não parece ter emitido uma declaração.

O teatro em que Yee foi admitido é conhecido por trazer ao palco clássicos da literatura chinesa e contos das origens do Partido Comunista. O trabalho para o governo vem com uma cláusula “bianzhi”, que geralmente significa proteção contra demissão, subsídios de moradia ou outros benefícios. Esses cargos são mais populares que os do setor privado em um momento em que a economia chinesa está em crise.

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A decisão de carreira do primeiro ator chinês nascido após 2000 a ver seus filmes arrecadarem mais de US$ 1,49 bilhão em bilheterias, de acordo com relatos locais, foi um tópico em alta na plataforma de mídia social Weibo nesta quinta-feira (7). A maioria das pessoas disse que isso fazia sentido para eles – um usuário escreveu que “de fato, ‘bianzhi’ está no fim do universo”, usando uma expressão idiomática para algo desejável.

A desaceleração econômica da China prejudicou a indústria cinematográfica, fechando cinemas por longos períodos porque o governo proibiu aglomerações para conter a propagação do coronavírus. A venda de ingressos na segunda maior economia do mundo caiu 38% no primeiro semestre de 2022 em comparação a um ano antes, chegando a US$ 2,6 bilhões, segundo o The Hollywood Reporter, que citou a consultoria Artisan Gateway.

A decisão de Yee segue uma repressão do Presidente Xi Jinping à indústria do entretenimento. No ano passado, o órgão regulador das emissoras proibiu estrelas de cinema com políticas “incorretas”, tetos salariais e controle da cultura dos fãs de celebridades.

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Uma das atrizes mais populares da China, Zhao Wei, teve os trabalhos removidos de sites de streaming, e seu fã clube foi banido do Weibo. A atriz Zheng Shuang teve de pagar US$ 44,6 milhões em impostos atrasados, tarifas atrasadas e multas.

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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