Inflação de alimentos começa a mostrar sinais de queda

Principais produtores dever colher safras suficiente para ajudar a reabastecer os estoques reduzidos pela guerra na Ucrânia

Alívio à vista: Inflação de alimentos começa a mostrar sinais de queda
Por Kim Chipman - Michael Hirtzer e Samuel Gebre
28 de Junho, 2022 | 02:44 PM

Bloomberg — A inflação descontrolada dos alimentos pode estar perto de se atenuar - pelo menos temporariamente - à medida que as commodities agrícolas caem após um aumento que elevou os preços de tudo, desde pão a asas de frango.

Quatro meses após a invasão da Ucrânia pela Rússia ter derrubado os fluxos comerciais e feito os futuros de grão dispararem, o medo de escassez dá lugar ao otimismo de que os principais produtores colherão safras grandes o suficiente para ajudar a reabastecer os estoques reduzidos pela guerra. Isso é fundamental para o trigo que alimenta o mundo; o milho que nutre porcos, galinhas e gado; e as oleaginosas usadas em alimentos processados.

“A oferta pode não estar tão comprometida quanto pensávamos porque outras áreas compensarão quaisquer perdas da Ucrânia, e isso está acontecendo em todos os setores”, disse Marc Ostwald, estrategista global da ADM Investor Services em Londres.

A Austrália, um dos maiores exportadores de trigo, deve produzir outra grande safra este ano, enquanto no Mato Grosso os produtores já colheram tanto milho que os armazéns estão cheios e os grãos se acumulam a céu aberto. Na América do Norte, as preocupações de que a seca reduziria significativamente a área plantada de grãos e soja diminuiu.

PUBLICIDADE

O Bloomberg Agriculture Spot Subindex caminha para sua maior queda mensal desde 2011. Além da perspectiva melhor para os suprimentos de grãos e oleaginosas, as preocupações de que uma desaceleração econômica reduza a demanda também ajudaram a derrubar os futuros de seus picos recentes. Embora essa melhora possa levar tempo para chegar às prateleiras dos supermercados, os preços do frango e da carne bovina já esfriaram um pouco nos EUA, segundo a Darden Restaurants, proprietária das redes Olive Garden e LongHorn Steakhouse.

Os preços de combustível também desempenharão um papel importante na determinação do curso da inflação de alimentos no resto deste ano. As contas de supermercado devem “ser moderadas nos próximos seis meses, principalmente se os preços de energia caírem”, disse Joe Glauber, ex-economista-chefe do Departamento de Agricultura dos EUA.

O preço médio da gasolina nos postos americanos tem recuado desde meados de junho depois de atingir níveis recordes. O preço do petróleo está cerca de 10% abaixo do pico dos dias que se seguiram ao ataque da Rússia à Ucrânia, um dos principais exportadores de grãos e óleos vegetais do mundo. Os fertilizantes, um insumo fundamental para os agricultores que depende fortemente de suprimentos russos, também recuou após atingir recordes.

PUBLICIDADE

O índice de preços de alimentos das Nações Unidas recuou de uma alta recorde em março, depois que a guerra sufocou as exportações da Ucrânia e desencadeou uma série de sanções à Rússia.

Ainda assim, os altos preços dos alimentos provavelmente continuarão a pressionar os mais necessitados. Um relatório do governo americano divulgado na semana passada estimou que os preços dos alimentos em geral subirão até 8,5% este ano, embora não tenha levado em conta a recente queda nos contratos futuros.

Veja mais em bloomberg.com

Leia também

Goldman diz que mercados nos EUA subestimam risco de recessão