EUA: Secretária do Tesouro admite erro em projeção da inflação do país

Janet Yellen afirmou que não compreendia imprevistos que levaram ao aumento dos preços de energia e alimentos

Segundo Yellen, desempenho do indicador de empregos é bom, mesmo estando aquém do ritmo de recuperação pós-crise de 2008
Por Christopher Condon
01 de Junho, 2022 | 02:36 PM

Bloomberg — A Secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, admitiu que errou no ano passado ao prever que uma inflação elevada não representaria um problema contínuo.

“Eu estava errada sobre o caminho que a inflação tomaria”, disse Yellen em entrevista à CNN exibida na terça-feira (31). “Tivemos choques grandes e imprevistos na economia que impulsionaram os preços da energia e dos alimentos, além dos gargalos de fornecimento que afetaram nossa economia e que, na época, eu não entendia completamente”.

Novas variantes de coronavírus, lockdown na China e a guerra da Rússia contra a Ucrânia trouxeram choques à economia, disse a chefe do Tesouro após participar de uma reunião na Casa Branca com o presidente Joe Biden e o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, para falar sobre a inflação.

Biden disse no início da terça-feira que seu papel como presidente é proporcionar ao Fed “o espaço que precisa para fazer seu trabalho”, acrescentando: “não vou interferir em seu trabalho de suma importância”. Yellen disse que o Fed está tomando as medidas necessárias para conter a inflação.

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O apoio público a Biden para lidar com a economia tem despencado com o aumento do custo de vida. Os preços ao consumidor em abril subiram 8,3% em relação ao ano anterior, perto da alta de 40 anos alcançada em março.

Desaceleração nos empregos

Yellen destacou o bom desempenho da economia em outros aspectos, principalmente no que diz respeito ao emprego. Mas também deixou claro que não esperava o mesmo ritmo robusto de crescimento e criação de empregos que os EUA tiveram durante a recuperação da crise.

“Agora estamos em um período de transição”, disse. “Não esperamos ver os mesmos tipos de ganhos nos empregos, aumentos mensais de empregos ou dados de crescimento avançando”. Estamos esperando um crescimento constante e estável e uma queda na inflação”.

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Quando questionada se os EUA haviam passado pelo pior do pico da inflação, Yellen disse que era encorajadora a queda da inflação principal – medida que elimina os preços de energia e alimentos em um esforço para mostrar a tendência da inflação subjacente.

O indicador principal dos preços ao consumidor diminuiu para um ganho de 6,2% no ano até abril e espera-se que continue caindo nos próximos meses.

Ainda assim, Yellen observou que os países europeus recentemente tomaram medidas para limitar suas importações de petróleo da Rússia – uma decisão que gerou aumento nos preços globais do petróleo. “Não podemos descartar mais choques”, disse ela.

Em entrevista gravada na terça-feira (31) e quarta-feira (1º) na CNBC, Yellen disse que “manter o pleno emprego enquanto reduz a inflação, essa é a prioridade do presidente”.

Ela também disse que nenhuma decisão foi tomada quanto ao perdão dos empréstimos estudantis e que a administração espera que os trabalhadores portuários da Costa Oeste cheguem a um acordo com os operadores portuários para garantir que as cadeias de suprimentos não fiquem ainda mais tensas.

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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