David Vélez: ‘A maioria dos acionistas não vai vender suas ações com fim do lock-up’

Fintech registrou lucro líquido ajustado de US$ 10,1 milhões no primeiro trimestre, conforme balanço divulgado nesta segunda

Base de clientes pequenas e médias empresas cresceu 167% em relação ao primeiro trimestre de 2021, atingindo 1,6 milhão em 31 de março de 2022
16 de Maio, 2022 | 07:11 PM

Bloomberg Línea — Com o fim do lock-up das ações do Nubank (NU) nesta terça-feira (17), o CEO do Nubank, David Vélez, disse em reunião com os investidores nesta segunda-feira (16) que estava feliz de anunciar que a maioria dos acionistas da fintech reforçou sua posição de investidores a longo prazo. “A maioria dos acionistas não pretende vender as ações com o fim do lock-up, mostrando que o Nubank é uma oportunidade de longo prazo”.

Quando o Nubank fez o IPO, uma enorme quantidade de ações não foi vendida, já que há acionistas da empresa - primeiros funcionários que detém participações, por exemplo - que não podiam comercializar seus papéis logo após o IPO. Eles precisavam aguardar um período. Esse período de lock-up acaba nesta terça-feira (17), quando até US$ 26 bilhões em ações poderiam ser liberados para comercialização.

No primeiro trimestre de 2022, o Nubank registrou um lucro líquido ajustado de US$ 10,1 milhões no primeiro trimestre de 2022, revertendo o prejuízo líquido de US$ 11,9 milhões do mesmo período do ano passado.

A fintech teve uma receita total recorde de US$ 877,2 milhões no primeiro trimestre, um crescimento de 226% em câmbio neutro comparado ao primeiro trimestre de 2021, superando estimativas dos analistas da Bloomberg, que esperavam US$ 630,9 milhões.

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A empresa disse que cresceu o número de clientes no Brasil em 55% em relação ao mesmo período do ano passado, chegando a 59,6 milhões de usuários. A base de clientes pequenas e médias empresas cresceu 167% em relação ao primeiro trimestre de 2021, atingindo 1,6 milhão em 31 de março de 2022.

No México, o banco digital disse que tem 2,1 milhões de clientes. Na Colômbia, o Nubank tem 211 mil usuários. A fintech contratou uma linha de crédito sindicalizada no valor de US$ 650 milhões para expandir os negócios nesses países.

Por conta da volatilidade e pressão com o fim do lock-up das ações amanhã (17), o Nubank perdeu mais de um terço de seu valor de mercado menos de cinco meses depois de abrir seu capital.

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O crédito, o dinheiro para empresas de tecnologia que são grandes demandadoras de dinheiro, está mais caro. É mais caro financiar uma empresa que não dá lucros substanciais no curto prazo.

O Nubank cresceu sua carteira de crédito para US$ 8,8 bilhões, “mantendo níveis de crédito saudáveis”, disse David Vélez, CEO da fintech, em conferência com os investidores após a divulgação dos resultados.

Embora as taxas de juros tenham subido também no Brasil, o resultado está mais relacionado ao Federal Reserve aumentando os juros nos Estados Unidos para conter a inflação recorde americana. Isso faz com que uma boa parte do dinheiro que antes era disponibilizado para mais ativos de risco e empresas de tecnologia agora seja aplicado em renda fixa, para render em um patamar de juros maior, com menor risco.

“Não podemos esquecer que é muito lindo não cobrar taxa de lugar nenhum, mas quanto menos custos fixos, mais a empresa depende da renda do negócio. O Nubank é um banco, e banco é um intermediário financeiro. O Nubank não empresta o dinheiro dele. Ele empresta o dinheiro dos outros”, explicou Roberto Kanter, economista e professor da FGV, em entrevista à Bloomberg Línea na semana passada.

A fintech, diferentemente dos bancos, é muito dependente de dinheiro de terceiros, enquanto os bancos tradicionais têm capital próprio, lucro e resultados suficientes para investir. “Itaú, Bradesco e Santander não precisam captar dinheiro no mercado para seus investimentos em tecnologia. E eles estão muito mais maduros, têm operações de captação, licenciamento, leasing, seguros, toda a capilaridade que os bancos de varejo tem no Brasil já estão maduras, não há nada inédito. Dezenas de milhões de pessoas comercializam esses produtos, diferente de em uma fintech”, afirma o professor.

Destaques da chamada com investidores

  • Nubank espera que à medida que carteira de crédito cresça, margens devem aumentar
  • A fintech disse que foi criada em meio às recessões no Brasil e sabe como navegar esses ciclos
  • A empresa disse que está capitalizada o suficiente para continuar expandindo o ecossistema, inclusive por M&As
  • México está batendo o Brasil nas métricas em NPS (net promoting score). Há maior NPL (non-performing loans) no país do que no Brasil, já que, segundo o Nubank, o México tem 12% da população com crédito, indicando uma maior “dor do consumidor”. A maior parte de usuários do Nubank no México chega por referências orgânicas
  • Vélez disse que está confiante com a resiliência das originações de crédito do Nubank neste período de volatilidade

(Atualiza para esclarecer informações sobre linha de crédito e comentários da teleconferência)

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups