Wall Street tenta recuperar atraso em recomendações de ações

Estrategistas estão reduzindo as metas de preço para as empresas do S&P 500 no ritmo mais rápido desde o crash da pandemia em 2020

Ao todo, o nível de preço projetado para o índice americano caiu 11 semanas seguidas, o maior período de quedas em uma década, segundo dados compilados pela Bloomberg
Por Lu Wang e Jess Menton
11 de Maio, 2022 | 03:50 PM

Bloomberg — Para ter uma ideia de quanta pressão cinco meses de liquidação de ações colocou sobre Wall Street basta considerar a situação dos analistas, cujas previsões otimistas são revertidas a toque de caixa.

Esses pesquisadores que se concentram em ações únicas - a turma das recomendações de compra, neutra e venda que dá seu parecer quando balanços são divulgados e quase sempre prevê que as ações vão subir - reduzem as metas de preço para as empresas do S&P 500 no ritmo mais rápido desde o crash da pandemia em 2020.

PUBLICIDADE

Ao todo, o nível de preço projetado para o índice americano caiu 11 semanas seguidas, o maior período de quedas em uma década, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Essas quedas deram uma pausa na terça-feira (10), depois que as ações castigadas de tecnologia se recuperaram. Após cair três dias seguidos, o S&P 500 subiu 0,3%, para pouco mais de 4.000.

Embora nenhuma dessas opiniões cronicamente otimistas seja particularmente significativa para as perspectivas do mercado, a velocidade com que são cortadas destaca a rapidez com que as coisas azedaram para quem estava comprado.

PUBLICIDADE

O poder de lucro do mundo corporativo americano está sob a ameaça de gargalos na cadeia de suprimentos e inflação furiosa. Enquanto isso, o compromisso do Federal Reserve com o aperto monetário coloca um teto nos valuations das ações.

“Os analistas estão sob uma tremenda pressão para acompanhar”, disse Michael Shaoul, CEO da Marketfield Asset Management. “Estamos há uns seis meses em um tipo diferente de mercado. Agora as pessoas estão começando a conter algumas dessas expectativas.”

Brincando de pega-pega: Analistas correm para cortar o preço-alvo de ações enquanto o S&P afunda

As metas de preços de Wall Street refletem palpites para ações que geralmente sobem, e nada derruba essas estimativas mais rápido do que uma virada de mercado, como o mergulho que apagou mais de US$ 9 trilhões do valor das ações este ano. Com a média das ações do S&P 500 em queda de 24% em relação à sua alta recente, muitos são forçados a reconsiderar seu otimismo.

PUBLICIDADE

Os analistas fizeram uma média de 80 reduções de preço-alvo por dia para as empresas do S&P 500 nas últimas 20 sessões, o maior número desde maio de 2020. Isso levou a um rebaixamento acentuado nas perspectivas gerais do mercado. Com base nas metas de preços agregados, a projeção para o S&P 500 caiu mais de 2%, para 5.119,11, desde o final de fevereiro, atingindo o nível mais baixo desde novembro.

Queda furiosa: Preços-alvo agregados caem por 11 semanas seguidas, a maior redução em uma década

Os estrategistas que adotam uma abordagem de cima para baixo e baseiam suas previsões de mercado em condições macroeconômicas também estão ocupados reduzindo seus números. Pelo menos três estrategistas de corretoras reduziram suas metas de fim de ano para o S&P 500 durante o mês passado.

Sean Darby, estrategista global de ações do Jefferies Financial Group, é um deles. Ele cortou sua projeção de 5.000 para 4.650 pontos por temer que a postura mais agressiva do Fed sobre o aperto monetário irá adicionar pressão sobre os valuations.

PUBLICIDADE

“A batalha que o Fed tem agora é com a remuneração do trabalho e com a garantia de que uma espiral salarial não se estabeleça”, escreveu Darby em nota na terça-feira. “À medida que as expectativas de taxa neutra são redefinidas, os múltiplos do mercado estão sendo reavaliados.”

Com queda de 16% em 2022, o S&P 500 está em seu pior início de ano em nove décadas. A queda levou o coeficiente preço-lucro a uma mínima de dois anos, de 16,9.

Veja mais em bloomberg.com

Leia também

Por que uma parte do PIB virou as costas à candidatura de Bolsonaro