Força do dólar domina mercados globais com riscos de Fed e China

A moeda é um refúgio indiscutível em um mercado abalado por inflação acelerada, preocupações com recessão e restrições na China

Muitas das preocupações sobre a desaceleração do crescimento global são impulsionadas pela China
Por Ruth Liew e Naomi Tajitsu
09 de Maio, 2022 | 03:19 PM

Bloomberg — O dólar domina os mercados globais na corrida por segurança.

À medida que ações, títulos e commodities despencam nesta segunda-feira (9), um índice do dólar contra as principais moedas continuou seu avanço implacável para os níveis mais altos em dois anos. A moeda é um refúgio indiscutível em um mercado abalado por inflação acelerada, preocupações com recessão e os lockdowns de covid na China.

Dados de posicionamento de mercado mostram que o dólar atrai mais adeptos. Os fundos de hedge internacionais elevaram suas posições compradas em dólar para o nível mais alto deste ano, segundo dados da Commodity Futures Trading Commission, reguladora de derivativos dos EUA, nos sete dias até 6 de maio.

“Não parece que essa tendência vai mudar tão cedo”, disse Chris Turner, chefe de estratégia de moedas do ING. “Você tem o Fed, tem o yuan e tem a Europa, e é difícil apostar em alguma dessas questões mudando no curto prazo.”

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Como consequência, muitos dos pares globais do dólar caem para níveis que não eram vistos há anos. A libra caiu para uma nova mínima desde 2020, o iene caiu para o nível mais fraco desde 2002, enquanto a rúpia da Índia caiu para uma mínima recorde.

O Bloomberg Dollar Spot Index registra alta de quase 7% no ano. Os Treasuries estenderam seu declínio e o rendimento das notas de cinco anos atingiu seu nível mais alto desde 2008 na segunda-feira.

Muitas das preocupações sobre a desaceleração do crescimento global são impulsionadas pela China. O primeiro-ministro do país, Li Keqiang alertou no fim de semana para uma situação de emprego “complicada e grave”, enquanto Pequim e Xangai apertam as restrições a moradores em uma tentativa de conter os surtos de Covid nas cidades mais importantes do país.

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Números fracos de exportações chinesas seguem um relatório na semana passada que mostrou queda na atividade de fábricas para o pior nível desde fevereiro de 2020. As moedas ligadas ao crescimento chinês sofreram, com os dólares australiano e neozelandês caindo cerca de 1% na segunda-feira.

As moedas de países em desenvolvimento também sofrem devido à ameaça de que fundos sejam retirados de seus mercados de ações e títulos à medida que os rendimentos dos EUA aumentam.

Economias emergentes “frágeis” com déficits em conta corrente, incluindo Turquia e nações da África, são particularmente vulneráveis, disse Alvin Tan, estrategista do Royal Bank of Canada em Hong Kong. Um dólar mais forte “incentiva a saída de capital dos mercados emergentes e aperta as condições financeiras dos mercados emergentes”, disse.

Os traders ficarão de olho nos dados mensais de preços ao consumidor nos EUA na quarta-feira (11), dado que o ritmo da inflação em abril deve desacelerar segundo levantamento da Bloomberg. Isso pode provocar uma reavaliação no mercado sobre quão agressivo será o ciclo de aperto do Fed, de acordo com Simon Harvey, chefe de análise cambial da Monex Europe.

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