Bolsonaro volta a atacar urna eletrônica e diz que Barroso mente

Em evento com base aliada, presidente disse sobre o STF que “quem quer ser respeitado tem que respeitar”

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Bloomberg Línea — Em encontro com deputados da base aliada no Palácio do Planalto nesta quarta-feira, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a atacar a urna eletrônica e colocar o processo eleitoral sob suspeita. Em discurso, o presidente também voltou a provocar o Supremo Tribunal Federal e atacou o ministro Luís Roberto Barroso. “Todo mudo que quer ser respeitado tem que respeitar em primeiro lugar.”

“Não pensem que uma possível suspeição de uma eleição vai ser apenas no voto para presidente. Vai entrar pro Senado, vai entrar para a Câmara. Se tiver, obviamente, algo de anormal. Vai entrar para estadual, para todo mundo”, disse.

Segundo o presidente, em 2014, depois que Aécio Neves (PSDB-MG) foi derrotado no segundo turno, o PSDB pediu uma auditoria das urnas eletrônicas.

“Qual foi o resultado da auditoria? A urna é inauditável. As sugestões das Forças Armadas estão com o Tribunal Superior Eleitoral. Por que carimbaram com confidencial? O Barroso não disse que as urnas são inexpugnáveis? Então por que é confidencial?”, provocou.

O ministro Barroso, que presidia o TSE na época que o documento das Forças Armadas foi enviado ao tribunal, disse que foram os militares que pediram sigilo na tramitação dos documentos sobre a segurança das urnas.

Foi Barroso quem convidou as Forças Armadas a integrar um comitê dentro do TSE para discutir o assunto, o que foi usado por Bolsonaro para mais uma tentativa de antagonizar com a Justiça Eleitoral. “Eles convidaram as Forças Armadas a participar desse processo. Será que ele se esqueceu que o chefe supremo das Forças Armadas se chama Jair Messias Bolsonaro?”, disse, referindo-se a si mesmo na terceira pessoa.

O presidente Bolsonaro voltou a insinuar que trabalha para proteger o processo eleitoral, enquanto o Judiciário pretende fraudá-lo: “Geralmente, o chefe do Executivo trabalha para fraudar uma eleição. Essa é a informação que nós temos da história de vários países. Aqui é o contrário. Queremos transparência e confiança”.

Bolsonaro aparece atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em todas as pesquisas eleitorais.

Na nova provocação ao Supremo, Bolsonaro procurou se dirigir a Barroso - a quem acusou de mentir - para voltar a reclamar do inquérito a que respondeu por ter vazado informações sobre uma investigação sigilosa a respeito da segurança das urnas eletrônicas.

“Eu gostaria - me dirigindo ao excelentíssimo ministro Barroso, uma pessoa que fala muito bem, currículo invejável - que aquele inquérito de novembro de 2018 tivesse o seu deslinde, queremos o seu parecer. Não poderia ter eleição em 2020 sem a conclusão daquele inquérito, que não era sigiloso. Mente o ministro Barroso quando diz que o inquérito é sigiloso. Uma vergonha”, discursou.

O discurso foi feito em evento no Palácio do Planalto convocado para defender o perdão concedido por Bolsonaro ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ). O parlamentar foi condenado pelo STF a oito anos e nove meses de prisão por ter feito ameaças aos integrantes do tribunal e por incitar seus seguidores a atacar a corte. No dia seguinte à condenação, Bolsonaro assinou um decreto concedendo graça ao deputado, extinguindo a pena de prisão. O relator do processo, Alexandre de Moraes, afirmou que o decreto de graça, uma prerrogativa do presidente, não extingue outros efeitos da condenação, como a inelegibilidade.

Segundo o presidente disse em no discurso, o evento foi ideia dos deputados Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), presidente da bancada evangélica, e Capitão Augusto (PL-SP). Assistiram ao discurso cerca de 100 deputados, entre bolsonaristas, membros da bancada evangélica, da bancada de segurança pública e da bancada do agronegócio.

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