Bitcoin ganhará espaço em mais duas regiões pelo mundo

Próspera, em Honduras, e Ilha da Madeira, no arquipélago português, anunciaram intenção de levar a criptomoeda para dentro da economia

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Por Matheus Mans para Mercado Bitcoin

São Paulo – No rastro de El Salvador, primeiro país a adotar o Bitcoin como moeda corrente, a cidade de Próspera, região autônoma em Honduras, chamou a atenção ao anunciar, no início de abril, que também deverá adotar a criptomoeda como oficial na economia.

No Bitcoin Conference 2022, maior evento de Bitcoin no mundo, realizado entre os dias 6 e 9 deste mês, em Miami, na Flórida, Joel Bomgar, presidente de Próspera, falou, durante seu discurso, que a ideia não é apenas levar a criptomoeda para dentro da economia local, mas que ela possa ser usada pela população no pagamento de impostos.

Outra possibilidade que estaria sendo considerada é a emissão de títulos de dívida, à semelhança do Volcano Bonds – os chamados títulos de vulcão que El Salvador pretende lançar, lastreados em Bitcoin.

“A Jurisdição de Próspera pode capacitar outros municípios em Honduras e também empresas a emitir Bitcoin Bonds”, disse Bomgar. “Este instrumento financeiro incrivelmente inovador é uma ótima forma de atrair investimentos estrangeiros para as regiões do mundo que mais precisam.”

É uma movimentação que faz sentido dentro do plano de Próspera, uma cidade inteligente, com propostas liberais e que tem o objetivo de ser um “oásis econômico” da região sob um governo privado. A cidade é governada por uma empresa não pública. Por enquanto, porém, não há desenvolvimento econômico atraente nela o suficiente. Daí a aposta no Bitcoin para conseguir recursos externos.

“O local promete ser um porto seguro financeiro e polo de inovação, com tendências liberais que seus fundadores consideram análogas às de Hong Kong no século XX”, explica Rob Corrêa, analista de investimentos. Próspera já foi chamada de a Hong Kong do Caribe.

Ilha da Madeira

Mas Próspera não está sozinha. Miguel Filipe, presidente da Ilha da Madeira, no arquipélago português, mostrou atração semelhante pelo mercado cripto. “Como presidente acredito no futuro do Bitcoin”, disse. Segundo ele, não está nos planos do governo neste momento tornar a criptomoeda oficial na ilha, mas sim que, com ela, o governo possa conceder benefícios fiscais a investidores de Bitcoin residentes e até mesmo a turistas.

Essa propensão ao uso do Bitcoin tem acompanhado uma outra tendência: a adoção da criptomoeda pelas chamadas “pequenas economias”, que começam a olhar para o ativo como alternativa de meio de pagamento e assim melhorar a vida da população, especialmente daqueles que não têm acesso a bancos e produtos financeiros.

“Esse movimento de algumas cidades e países se voltando para o Bitcoin indica uma opção de regiões sem muitos recursos de se tornarem atrativas para investidores internacionais e, assim, serem beneficiadas pelo influxo de capitais” diz Rob Corrêa, analista de investimentos.

“Em El Salvador, por exemplo, que tem uma economia mais fraca, a criptomoeda pode ajudar o país a economizar US$ 400 milhões por ano apenas com taxas de remessas para o exterior, eliminando um dos principais gastos dos salvadorenhos. As remessas em dinheiro para o exterior representam, hoje, 24% do PIB local”, diz Corrêa. As criptomoedas oferecem um custo menor nas remessas.

Viabilidade em discussão

Alguns especialistas, no entanto, divergem quanto à viabilidade dessas ações. Orlando Telles, diretor de research da Mercurius Crypto, casa de pesquisa em criptoativos, vê com bons olhos a adoção do ativo por grandes cidades. “À medida que se percebe que a indústria cripto cresce, a tendência é de que mais países adotem a criptomoeda. Acredito que esse é um primeiro passo para um movimento maior”, diz o analista.

A despeito das opiniões divergentes, um ponto é consenso: a necessidade de uma regulamentação para o mercado cripto. “Acredito que, no médio prazo, isso será real, especialmente quando as criptomoedas forem aprovadas nos países de grandes economias. Acho que as pequenas nações que embarcarem nessa empreitada não apenas irão flexibilizar as regras para cripto e stablecoins como também poderão construir uma legislação fiscal altamente voltada para o exterior”, diz Corrêa.

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