Bloomberg — O presidente francês Emmanuel Macron tornou-se o mais recente líder a alertar que um grande ataque russo no leste da Ucrânia é iminente. Se esse for o plano, as tropas correm o risco de repetir alguns dos erros cometidos na tentativa de tomar Kiev.
De acordo com diplomatas europeus e da Otan familiarizados com o assunto, os aliados da Ucrânia estimam uma janela de duas semanas para trazer armas mais pesadas como tanques, antes que o presidente Vladimir Putin desencadeie uma ofensiva destinada a declarar algum tipo de vitória até 9 de maio, aniversário da derrota da Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial.
Moscou tradicionalmente realiza um grande desfile militar anual nesse dia. O Kremlin não respondeu a pedido de comentário.
“As próximas semanas serão decisivas” disse Josep Borrell, que coordena a política externa da União Europeia, na quarta-feira, quando o bloco propôs mais 500 milhões de euros (US$ 544 milhões) em ajuda militar dos países membros à Ucrânia. Isso eleva o total para 1,5 bilhão de euros.
A cidade portuária oriental de Mariupol está sitiada há semanas e corre o risco de cair completamente sob controle russo em poucos dias.
No entanto, as condições climáticas, a necessidade de preparar a logística, estabelecer o domínio aéreo e reagrupar as tropas debilitadas exigiriam um prazo mais longo para tomar o resto da região de Donbas ainda em mãos ucranianas, segundo alguns diplomatas e analistas militares.
A Rússia sofreu outro revés na quarta-feira (13) com notícias de que seu principal cruzador da frota do Mar Negro, o Moskva, sofreu grandes danos. Moscou disse que a munição a bordo detonou durante um incêndio, enquanto uma autoridade ucraniana afirmou que o navio foi atingido por mísseis.
O equilíbrio entre rapidez e baixas é algo que Putin parece reconhecer. Em entrevista coletiva na terça-feira (12), ele disse que muitas vezes foi perguntado se não era possível terminar a guerra mais rapidamente.
“É possível. Depende da intensidade da ação militar, e a intensidade da ação militar está, infelizmente, de uma forma ou de outra ligada a perdas”, disse Putin. “Nossa tarefa é atingir as metas estabelecidas, minimizando as perdas.”
Isso será difícil de conseguir se a Rússia mandar unidades para o campo de batalha no auge da temporada de lama da primavera, quando o solo está muito macio e úmido para que caminhões e artilharia móvel saiam das estradas sem ficarem presos – algo que aconteceu ao norte de Kiev, deixando alguns comboios encalhados e vulneráveis a ataques.
Essa temporada terminará em maio, mas provavelmente não cedo o suficiente para qualquer vitória significativa da campanha antes do desfile do Dia da Vitória de Putin, de acordo com um analista militar de Moscou que pediu para não ser identificado discutindo assuntos delicados. Novas leis russas restringem fortemente comentários e reportagens sobre a guerra.
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