Big techs perdem US$ 1 trilhão em valor de mercado com ‘sell-off’ da Nasdaq

Otimismo foi substituído pelo medo de que um Fed agressivo, empenhado em combater a inflação a todo custo, leve a economia à recessão

As ações da Microsoft Corp. (MSFT) caíram 3,9%, na sua pior baixa em mais de um mês
Por Jeran Wittenstein
11 de Abril, 2022 | 07:10 PM

Bloomberg — Os investidores estão evitando ações de tecnologia em meio a riscos crescentes de altos rendimentos dos Treasuries e comentários agressivos do Federal Reserve.

O índice de ações Nasdaq 100 (NDX) caiu 2,4% nesta segunda-feira, somando-se às perdas sofridas na semana passada que apagaram mais de US$ 1 trilhão em valor de mercado do benchmark de tecnologia nas últimas cinco sessões. As ações da Microsoft Corp. (MSFT) caíram 3,9%, na sua pior baixa em mais de um mês. Os papéis da fabricante de chips Nvidia Corp. (NVDA) afundaram 5,2%, estendendo as perdas sofridas nas últimas cinco sessões para 20%. A ação não teve a pior sequência de cinco dias desde março de 2020.

“Há muito pessimismo”, disse Kim Forrest, diretor de investimentos e fundador da Bokeh Capital Partners. “A guerra na Ucrânia, taxas de juros mais altas, medos de recessão, lockdown por conta da covid na China e depois os preços do petróleo – é tudo muito sombrio.”

Esses riscos macroeconômicos estão fazendo com que até mesmo alguns dos papéis de melhor performance fiquem mais cautelosos. Marko Kolanovic, do JPMorgan Chase & Co. (JPM), aconselhou os clientes a realizar alguns lucros, citando riscos de geopolítica e aperto do Fed, apenas um mês depois de ter aconselhado a aumentar as participações acionárias.

PUBLICIDADE

Kolanovic pode estar no caminho certo, no entanto, já que a última onda de vendas de ações ocorre após um rali de três semanas que fez o Nasdaq disparar 16% em relação à baixa de 14 de março, com os investidores comprando ações de crescimento em meio ao otimismo de que estariam bem posicionados para superar a média do mercado à medida que o crescimento econômico desacelera. Agora, esse otimismo foi substituído pelo medo de que um Fed agressivo, empenhado em combater a inflação a todo custo, leve a economia à recessão.

Ambiente de risco difícil

O governador do Fed, Christopher Waller, reconheceu esses riscos na segunda-feira, dizendo que os aumentos das taxas de juros são uma “ferramenta de força bruta” que pode causar “danos colaterais”.

O Fed elevou sua taxa básica em um quarto de ponto no mês passado e sinalizou que espera elevá-la para 1,9% até o final de 2022, à medida que o banco central busca controlar a inflação. Autoridades disseram que estão abertas a agir mais rápido, se necessário, inclusive subindo meio ponto na reunião do banco central de 3 a 4 de maio.

PUBLICIDADE

Taxas de juros mais altas reduzem o valor presente dos lucros futuros, pesando especialmente sobre as ações de empresas de rápido crescimento cujo potencial de lucro não deve ser realizado por anos.

“Este é um ambiente difícil para querer manter o risco e pode continuar assim até que os investidores acreditem que o Fed pode não ser tão agressivo com a política de aperto monetário”, escreveu Edward Moya, analista de mercado sênior da Oanda, em nota aos clientes.

Em janeiro, impressionantes US$ 3 trilhões em valor de mercado das ações foram eliminadas quando as perdas atingiram o fundo do poço, enquanto fevereiro e março foram relativamente melhores, com vendas de US$ 1,7 trilhão e US$ 1,5 trilhão, respectivamente. As empresas do índice têm um valor de mercado combinado de US$ 16,9 trilhões, liderados pela Apple Inc. (AAPL), Microsoft Corp. e Amazon.com Inc (AMNZ).

Os ganhos não podem chegar rápido o suficiente para investidores como Forrest, da Bokeh Capital, que acredita que os gastos com tecnologia continuam robustos e se manterão relativamente bem mesmo em uma recessão.

“Espero que os ganhos e comentários coloquem o foco de volta em fundamentos sólidos”, disse ela.

--Com a ajuda de Subrat Patnaik.

Veja mais em bloomberg.com

Leia também