Ataque russo a ponto de evacuação deixa dezenas de mortos

Ministério da Defesa da Rússia nega ataque, alegando que míssil encontrado era usado por tropas ucranianas

Vítimas estavam espalhadas entre malas
Por Aliaksandr Kudrytski - Daryna Krasnolutska
08 de Abril, 2022 | 10:18 AM

Bloomberg — Dezenas de pessoas morreram e pelo menos 300 ficaram feridas após a Rússia bombardear o principal centro ferroviário de evacuação no flanco leste do território controlado pelo governo ucraniano, disseram autoridades.

Pelo menos 30 pessoas morreram quando um míssil russo “Tochka-U” atingiu a principal estação de trem em Kramatorsk, uma cidade a cerca de 75 quilômetros de Donetsk, controlada pelos separatistas, disse o presidente Volodymyr Zelenskiy nesta sexta-feira (8).

A cidade se transformou em um centro de evacuação, oferecendo a cerca de 8 mil pessoas por dia – principalmente mulheres e crianças – a chance de fugir da guerra com a Rússia, disse o prefeito Oleksandr Honcharenko. Fotos divulgadas por Zelenskiy e pelo Ministério da Defesa mostraram vítimas espalhadas entre malas prontas. O ataque foi amplamente condenado pela Ucrânia e pela União Europeia.

“Sem ter as tropas nem a coragem para nos enfrentar no campo de batalha, os russos estão destruindo cinicamente a população civil”, escreveu Zelenskiy no Facebook.

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O Ministério da Defesa da Rússia negou a responsabilidade pelo ataque, alegando que o tipo de míssil encontrado no local é usado apenas por forças ucranianas, informou a Interfax.

Horas antes do ataque, as forças russas bombardearam a única ligação ferroviária controlada pelo governo que liga Kramatorsk a partes ocidentais da Ucrânia, informou a ferrovia regional.

Mais de 200 mil moradores da região de Donestk usaram a ferrovia para evacuação desde que a guerra começou em 24 de fevereiro, disse a porta-voz do governo regional, Tetyana Ihnatchenko, à emissora Ukraine 24 TV na sexta-feira.

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Como a ofensiva russa contra a Ucrânia parou após seis semanas de combates, Vladimir Putin retirou suas tropas de áreas próximas a Kiev em uma tentativa de focar na ocupação de áreas no sul e leste do país.

A UE criticou duramente o ataque, e o chefe de política externa Josep Borrell publicou em seu Twitter que era “mais uma tentativa de fechar rotas de fuga para aqueles que fogem dessa guerra injustificada e que causa sofrimento”.

Borrell e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, passam por Kiev nesta sexta-feira para se reunir com Zelenskiy.

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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