Gigante da renda fixa não vê recessão apesar de inversão de curva nos EUA

Possibilidade de aumento dos juros gerou inversões nos rendimentos de títulos, trazendo opiniões conflitantes sobre sinal de recessão

Crescimento lento é mais provável
Por Liz McCormick
04 de Abril, 2022 | 04:30 PM

Bloomberg — As inversões na curva dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos não devem ser ignoradas, mas não são certeiras para avisar que uma recessão está por vir, disse um diretor da gestora Pimco.

“Uma inversão da curva nunca deve ser descartada apenas porque o cenário mudou”, escreveu Marc Seidner, diretor de estratégias não tradicionais de investimento da Pacific Investment Management Co., ou Pimco, em um blog. “O sinal da curva pode ser menos claro do que no passado.”

Algumas inversões observadas atualmente estão “sinalizando cautela, em vez de recessão”, acrescentou.

O Federal Reserve, banco central dos EUA, provavelmente subirá a taxa básica de juros em todas as reuniões de política monetária ainda agendadas para o ano, após uma elevação de 0,25 pp no mês passado. Esse processo desancorou os rendimentos dos títulos de curto prazo e inverteu várias partes da curva, trazendo uma enxurrada de opiniões sobre o papel da inversão na sinalização de uma recessão ou não.

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O mercado de curtíssimo prazo precifica mais de 2 pontos percentuais adicionais de elevação na taxa básica de juros ao longo de 2022.

Métricas de prazo mais longo, como a diferença entre papéis de dois e 10 anos ou entre os papéis de cinco e 30 anos, podem ser mais valiosas do que a curva amplamente seguida, que se refere à diferença entre as taxas de três meses e 10 anos”, afirmou Seidner. “A razão é que o Fed já definiu as previsões para os juros no gráfico de pontos e olhar para as taxas de mercado em um horizonte de curto prazo pode ser menos informativo do que focar no que o Fed diz que fará.”

Em seu último gráfico de pontos (o chamado “dot plot”), a mediana das projeções de integrantes do Fed é de que a taxa básica de juros termine o ano perto de 1,9% e suba para cerca de 2,8% em 2023.

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O professor Campbell Harvey, da Faculdade de Administração Fuqua da Universidade Duke, foi um dos primeiros a demonstrar a ligação histórica entre inversões da curva e recessões, com foco no spread entre os títulos de três meses e 10 anos. Essa diferença atualmente está positiva em cerca de 1,85 pp. A inflação elevada e o “risco geopolítico” – que ainda não se reflete nos resultados econômicos além da alta do preço da gasolina – “agem como um imposto”, disse Harvey no mês passado. “Tudo indica um crescimento econômico mais lento.”

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