Nova York desmantela mais de 200 acampamentos de moradores de rua

Pessoas deslocadas receberam um vale para retirar seus pertences em outro local

Por lei, a cidade deve oferecer abrigo a todo morador em situação de rua qualificado que fizer a solicitação
Por Alicia Diaz
31 de Março, 2022 | 01:39 PM

Bloomberg — Uma força-tarefa da cidade de Nova York removeu 239 dos 244 acampamentos de sem-teto identificados nas últimas duas semanas, sendo essa parte da estratégia do prefeito Eric Adams para limpar os espaços públicos e conectar moradores de rua com programas de habitação e serviços sociais.

A movimentação começou em 18 de março, dando aos acampamentos um aviso prévio de 24 horas, disse Adams em coletiva na quarta-feira (30).

As equipes se ofereceram para conectar as pessoas que vivem nos acampamentos com opções de moradia, assistência médica e saúde mental. Os policiais ficaram com suas câmeras corporais ligadas durante as interações, segundo autoridades da cidade.

Adams disse que cinco pessoas dos acampamentos aceitaram moradia, mas que o número deve crescer. Um programa semelhante direcionado às pessoas que vivem no metrô também começou lentamente, mas agora tem mais de 300 pessoas que aceitaram moradia, disse ele.

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Qualquer pessoa retirada dos acampamentos, a maioria na parte baixa de Manhattan, recebeu um vale para retirar seus pertences em outro local, disse o prefeito.

“Temos um longo caminho a percorrer, mas estamos chegando lá”, disse Adams.

Na terça-feira (29), a administração abriu as instalações do abrigo Morris Avenue Safe Haven, no Bronx, que oferece 80 leitos. O centro fornecerá atendimento médico e aconselhamento em saúde mental.

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Como parte de um plano para retirar os moradores de rua do sistema de metrô, a prefeitura espera disponibilizar 500 leitos em abrigos Safe Haven, dos quais 350 já foram abertos.

“Estamos reconstruindo a confiança na cidade”, disse Adams, referindo-se às reclamações de moradores de rua de que os abrigos da cidade não eram seguros.

O ex-prefeito Bill de Blasio foi criticado ao transferir pessoas desabrigadas de hotéis, onde puderam ficar durante parte da pandemia, de volta para abrigos. Na quarta-feira, Adams se referiu à política de governos anteriores para moradores de rua como “disfuncional”.

Táticas ‘cruéis’

Jacquelyn Simone, diretora de políticas da Coalition for the Homeless, um grupo de defesa dos sem-teto, disse estar feliz que o atual governo estivesse abrindo leitos em abrigos Safe Haven – processo que ela afirmou já estar em andamento antes de Adams assumir o cargo. Mas ela chamou o desmantelamento de acampamentos prejudicial e contraproducente.

“Se não oferecermos aos nova-iorquinos sem-teto um lugar melhor para ir, essas são táticas cruéis de relações públicas que não abordam o problema real, nem reduzem os sem-teto em nossas ruas e metrôs”, disse ela.

O próximo passo na iniciativa de Adams será outra rodada de identificação de locais, seguida por mais remoções de acampamentos. O governo municipal também disse que os membros da força-tarefa distribuirão folhetos pelos sistemas de metrô promovendo as instalações dos abrigos Safe Haven.

A força-tarefa inclui o Departamento de Serviços Sociais, o Departamento de Saneamento, o Departamento de Parques e a polícia.

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Sob um acordo legal de 1981, a cidade de Nova York é obrigada a fornecer abrigo a todos os sem-teto qualificados que o solicitarem. A coalizão estima que cerca de 50 mil pessoas dormiam em abrigos na cidade de Nova York em janeiro.

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