Reino Unido: Tesouro cobrirá perdas do banco central com estímulos monetários

Flexibilização quantitativa abasteceu o Tesouro por mais de uma década, acumulando mais de US$ 1 tri em títulos de dívida

Saltos nos juros deve diminuir lucros ao Tesouro
Por David Goodman (London)
23 de Março, 2022 | 02:20 PM

Bloomberg — Pela primeira vez, o Tesouro do Reino Unido fará pagamentos ao Banco da Inglaterra para cobrir as perdas do plano de flexibilização quantitativa, conhecido pela sigla QE.

Se concretizado, o plano divulgado pelo Gabinete de Responsabilidade Orçamentária será um marco para o Reino Unido — e talvez um problema político para o Tesouro. O governo pode ser forçado a desviar contribuições futuras de outros projetos para compensar o banco central ou tomar empréstimos para cobrir o custo.

Segundo o plano, pagamentos de 400 milhões de libras (US$ 528 milhões) serão efetuados a partir do ano fiscal de 2023-2024, chegando a 2,6 bilhões de libras (US$ 3,4 bilhões) em 2025-2026.

As transferências marcam o fim de mais de uma década em que o QE — que acumulou quase 900 bilhões de libras (US$ 1 trilhão) em títulos de dívida — abasteceu o Tesouro, entregando cerca de 120 bilhões de libras (US$ 158 bilhões) ao governo.

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As quantias representam a diferença entre os pagamentos de cupons feitos pelo Tesouro sobre os títulos públicos em posse do banco central e os juros pagos sobre as reservas do banco central, usadas para realizar as compras de ativos.

Na prática, os pagamentos de cupons são devolvidos ao Tesouro descontando os juros sobre as reservas, que são corrigidas pela taxa básica de empréstimo do banco central. Com os juros nos menores níveis históricos, o programa gerou lucros substanciais.

A previsão agora é de salto nos juros nos próximos anos, o que tende a reverter essa dinâmica. O total em ativos comprados também está sendo revertido, começando pelos títulos com prazo vencido. O Tesouro enfrenta perdas iminentes em títulos individuais e as perdas podem aumentar quando os papéis começarem a ser vendidos.

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