Bloomberg — Os Estados Unidos e as Filipinas pretendem realizar seus maiores exercícios militares em três décadas, à medida que as tensões crescem com a China, revivendo uma aliança que definhou nos últimos anos.
Cerca de 5.100 soldados americanos e 3.800 militares filipinos treinarão no país do Sudeste Asiático de 28 de março a 8 de abril, informou a embaixada dos EUA em comunicado. Serão realizados exercícios sobre segurança marítima, contraterrorismo e socorro em desastres, nesta que é a maior iteração de Balikatan, exercício militar mais proeminente entre as duas nações, que começou no ano de 1991.
Os exercícios acontecem concomitantemente aos alertas das autoridades chinesas de que os EUA estariam tentando construir o que chamaram de uma versão Indo-Pacífico da OTAN, ecoando a justificativa de Vladimir Putin para invadir a Ucrânia. As Filipinas também protestaram repetidamente contra a crescente presença chinesa no Mar do Sul da China e arredores.
O tratado de defesa mútua EUA-Filipinas foi datado em 1951, logo após a ex-colônia americana se tornar totalmente independente. O presidente Rodrigo Duterte ameaçou acabar com a aliança ao melhorar os laços do país com a China, em direção ao encerramento do Acordo de Forças Visitantes, assinado em 1998, e que estabeleceu termos para exercícios conjuntos e o engajamento de tropas americanas nas Filipinas. Duterte restaurou o contrato no ano passado.
“Nossa aliança continua sendo uma fonte importante de força e estabilidade na região do Indo-Pacífico”, disse o general Jay Bargeron, comandante geral da 3ª Divisão de Fuzileiros Navais dos EUA, em comunicado.
Os exercícios militares deste ano também marcam um retorno aos exercícios em grande escala que foram interrompidos pela pandemia de covid-19. No ano passado, menos de mil soldados dos EUA e das Filipinas participaram do treinamento.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, disse a repórteres que não há tensão com as Filipinas, e que a China espera que as partes “não criem tensão artificialmente”, quando questionado sobre os exercícios durante uma coletiva de imprensa regular nesta quarta-feira (23).
“Não nos opomos a países relevantes na condução de exercícios militares em seu território, mas esperamos que o exercício militar não tenha como alvo terceiros e não faça nada que possa prejudicar a paz e a estabilidade regionais”, disse.
– Esta notícia foi traduzida por Melina Flynn, Content Producer da Bloomberg Línea.
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