JBS aposta em demanda americana para enfrentar aumento de custos

Maior produtora global de carne tem visto seus custos de produção subirem junto com a escassez de mão de obra

Unidade da JBS em Illinois
Por Tatiana Freitas
21 de Março, 2022 | 09:22 PM

Bloomberg — A maior produtora mundial de carne está apostando na forte demanda nos EUA e em alimentos processados com maior valor agregado para enfrentar um aumento nos custos que está sendo intensificado pela invasão Russa na Ucrânia.

A JBS SA (JBSS3) tem visto seus custos de produção - da ração animal à embalagens e logística - subirem junto com a escassez de mão de obra em algumas partes do mundo, disse em entrevista o presidente global da empresa, Gilberto Tomazoni.

A invasão da Ucrânia está piorando a alta de custos que foi desencadeada por gargalos globais na cadeia de suprimentos, aumento nos preços de energia e escassez de commodities desde que a pandemia se alastrou em 2020.

Enquanto a demanda nos Estados Unidos, principal mercado da JBS, continua forte, a empresa sediada em São Paulo também vem trabalhando para aumentar seu mix de produtos alimentícios, aproveitando seu amplo portfólio de marcas. Suas aquisições de US$ 2 bilhões no ano passado vão adicionar US$ 2 bilhões em receita anual, disse o diretor financeiro Guilherme Cavalcanti na mesma entrevista.

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“Focamos nas coisas que podemos controlar”, disse Tomazoni. “Os custos subiram de maneira significativa.”

A JBS apresentou receita recorde e aumento no Ebitda no quarto trimestre, superando as estimativas de analistas. O forte desempenho nos EUA é o principal fator por trás da alta no lucro, permitindo à companhia reduzir alavancagem, fazer uma nova rodada de aquisições e aumentar a remuneração aos acionistas.

“Foi um ano histórico para a JBS”, disse Tomazoni.

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Mesmo assim, os custos de produção subiram 21% no trimestre ante o mesmo período do ano passado, enquanto as despesas com vendas saltaram 40%, de acordo com resultados consolidados divulgados na segunda-feira. Nas operações de carne bovina nos EUA, os custos aumentaram em 40% por cabeça no trimestre, mas o Ebitda mais que dobrou devido ao aumento nos preços da carne.

Na Seara, sua unidade brasileira de frangos, suínos e alimentos processados, os maiores custos com ração foram parcialmente compensados pelo aumento dos preços. As operações de carne bovina no País foram afetadas por um veto às importações na China.

Os planos para uma listagem de ações nos EUA ainda estão de pé, mas podem levar mais tempo em meio à turbulência do mercado causada pela guerra.

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