Dólar fica abaixo de R$ 5 e Ibovespa sobe apesar de fala dura de Powell

Presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, disse que pode acelerar o ritmo de aumento de juros nos EUA

Mercados
21 de Março, 2022 | 05:18 PM

Bloomberg Línea — Mais uma vez a política monetária dos EUA falou mais alto e ajudou a conter o otimismo que vinha sendo construído ao longo da semana passada nos mercados globais e local. Após um discurso considerado mais duro do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sugerindo que pode acelerar o ritmo de aumento de juros nos EUA, as bolsas americanas viraram e o rendimento dos Treasuries dispararam.

  • No Brasil, o Ibovespa desacelerou o ritmo de alta e terminou o pregão marcando 116.135 pontos, com alta de 0,72%, apoiado mais uma vez pela valorização de commodities, particularmente, o petróleo;
  • Já o dólar sustentou o patamar abaixo de R$ 5,00, marcando R$ 4,95, com baixa de 1,45%, com expectativa de fluxo crescente de recursos para o país e juros ainda mais altos até o final do ano. Foi o menor patamar desde junho do ano passado.
  • Nos EUA, o índice S&P 500 (SPX) terminou estável, enquanto o Nasdaq 100 (NDX) caiu 0,3% e o Dow Jones Industrial Average (INDU) recuou 0,6%.

Powell disse que o banco central tomará as “medidas necessárias” para reduzir a inflação, mesmo que isso signifique aumentar as taxas de juros mais rapidamente do que o previsto atualmente e, eventualmente, a níveis que desaceleram a economia em geral. O Fed elevou a taxa básica de juros em um quarto de ponto em sua reunião na semana passada, o primeiro aumento desde dezembro de 2018, e sinalizou mais seis aumentos dessa magnitude este ano, com base na projeção mediana.

Os rendimentos dos Treasuries de dois anos ultrapassaram 2,10% pela primeira vez desde maio de 2019, quando os formuladores de política monetária nos EUA e na Europa aumentaram as expectativas de custos de empréstimos mais altos diante das crescentes pressões inflacionárias.

No Brasil, ações de empresas ligadas a commodities e bancos sustentaram os ganhos da bolsa doméstica. Petrobras operou próximo da máxima com petróleo - Brent terminou cotado acima de US$ 116, em meio a crescentes temores sobre oferta. Siderúrgicas avançaram com recorde dos preços do aço na Europa, em razão da perspectiva de sanções à Rússia. Companhias aéreas aqui e no exterior recuaram sob efeito do petróleo em custos com querosene de aviação, segundo analistas.

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Uma questão-chave é se a recuperação das ações da semana passada e a queda na volatilidade são duradouras. As ações europeias já recuperaram todas as suas perdas desencadeadas pela invasão da Ucrânia pela Rússia há quase um mês, com o otimismo à medida que a atração de avaliações barateadas atrai os investidores.

O presidente dos EUA, Joe Biden, falará com líderes europeus antes de sua viagem ao continente nesta semana. Altos funcionários dos EUA também se reunirão com executivos da Exxon Mobil Corp., JPMorgan Chase & Co. e outras empresas sobre o impacto da invasão e das sanções.

A Ucrânia rejeitou uma exigência russa de que suas forças deponham suas armas nesta segunda-feira e deixem o porto sul sitiado de Mariupol, que está sob intenso bombardeio russo.

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(Com informações de Bloomberg News)

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Kariny Leal

Jornalista carioca, formada pela UFRJ, especializada em cobertura econômica e em tempo real, com passagens pela Bloomberg News e Forbes Brasil. Kariny cobre o mercado financeiro e a economia brasileira para a Bloomberg Línea.

Toni Sciarretta

News director da Bloomberg Línea no Brasil. Jornalista com mais de 20 anos de experiência na cobertura diária de finanças, mercados e empresas abertas. Trabalhou no Valor Econômico e na Folha de S.Paulo. Foi bolsista do programa de jornalismo da Universidade de Michigan.