Bloomberg Línea — A contratação internacional de funcionários remotos está crescendo a um ritmo mais rápido na América Latina, um dos territórios (juntamente com a África) em que o número de pessoas que sacam seus pagamentos em criptomoedas também aumenta mais rapidamente, segundo relatório da plataforma Deel.
Desde novembro de 2020, o percentual de pessoas contratadas internacionalmente que recebem pagamentos em criptomoeda aumentou mensalmente a uma taxa de 10%, de acordo com dados do provedor privado de folha de pagamento e conformidade dos Estados Unidos.
Somente nessa plataforma foram efetuados US$ 4,7 milhões em pagamentos em dezembro de 2021, o que significou um aumento de 49% em relação ao mês anterior.
Assim, os maiores saques de pagamentos em criptomoedas foram feitos na América Latina (52%), seguida pela Europa, Oriente Médio e África (34%), América do Norte e Ásia-Pacífico, ambas com 7%.
Considerando a ascensão global desse mercado e com a abertura que os países começam a ter em regiões como a América Latina, a plataforma de trabalho remoto Torre, fundada pelo colombiano Alexander Torrenegra, vai vincular ofertas de trabalho com pagamento em criptomoedas, segundo informou à Bloomberg Línea.
“Em breve vamos permitir que empresas ofereçam vagas com salário em criptomoedas”, disse Alexander Torrenegra, que no ano passado vendeu seu negócio pioneiro, o diretório de voz Voice123, em uma operação cujo valor não foi divulgado.
Torrenegra anunciou que esta solução está “em desenvolvimento” com a equipe de software e em breve entrará no ar, mas não ofereceu detalhes sobre a data.
Os canais de pagamento estão se diversificando à medida que as ofertas de trabalho flexíveis se tornam mais relevantes com a pandemia e a formação de equipes internacionais se intensifica.
Alexander Torrenegra comentou em entrevista à Bloomberg Línea que o fenômeno da “grande demissão” – como tem sido chamada a fuga massiva de talentos insatisfeitos com empregos inflexíveis ou por causa de seus salários – “já está acontecendo na América Latina”.
“Isso está ocorrendo em parte porque há muitas oportunidades de emprego internacionais que, para o bem ou para o mal, pagam muito melhor do que as oportunidades de emprego locais. Então não é uma demissão em massa por insatisfação no trabalho, como nos EUA, é uma demissão em massa porque há mais oportunidades de emprego onde as pessoas podem acabar recebendo muito mais renda”, mencionou.
De acordo com o relatório da Deel, a taxa de crescimento das contratações internacionais da América Latina aumentou 286%, ao passo que na Europa, Oriente Médio e África, percentual foi de 250%; na Ásia-Pacífico, 227%, e na América do Norte, 208%.
Enquanto isso, a taxa de crescimento de contratação de empresas estrangeiras na América Latina foi de 156%, na Ásia-Pacífico foi de 107%, na Europa, Oriente Médio e África foi de 96% e na América do Norte, 81%.
O relatório foi feito com base na análise de mais de 100 mil contratos de trabalho em mais de 150 países e com mais de 500 mil dados fornecidos por terceiros.
Na América Latina, os três principais países com maior crescimento de acordo com a taxa de contratação das organizações são México, Chile e Uruguai, ao passo que as funções com maior demanda são desenvolvedor, assistente de call center e executivo de contas.
O relatório também conta com uma seção que enumera os territórios com os maiores aumentos salariais no segundo semestre de 2021 em contratações internacionais, entre os quais se destacam México (57%), Canadá (38%), Paquistão (27%), Argentina (21% ), Índia (8%), Filipinas (7%) e Rússia (4%).
Natalia Jiménez, líder de expansão da Deel na América do Sul, analisa que “a atual explosão de unicórnios latino-americanos está ajudando a impulsionar um boom de contratação regional nunca visto. Muitas das maiores startups da América Latina desejam buscar e recrutar talentos na região, criando rapidamente novos empregos qualificados”.
“Por exemplo, o número de empresas de tecnologia e remotas contratando triplicou e vemos como essas empresas latino-americanas contratam muito mais na mesma região. Da mesma forma, outros fatores são fundamentais para esse crescimento: a qualidade dos talentos latino-americanos, a proficiência em inglês e o mesmo fuso horário dos Estados Unidos. Tudo isso, somado ao fato de o trabalho remoto ter se mostrado um modelo viável e de fácil implementação para empresas e pessoas físicas, tornou a região visível como uma importante fonte de talento”, destacou.
--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.
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