Contabilizei capta US$ 60 milhões com o SoftBank para virar fintech

Startup já oferece conta corrente por meio de um parceiro, mas quer trazer serviços financeiros para dentro de casa

Vitor Torres, CEO da Contabilizei
10 de Março, 2022 | 08:00 AM

A empresa de serviços de contabilidade Contabilizei anunciou nesta quinta-feira (10) que captou US$ 60 milhões (R$ 320 milhões) em uma rodada Série C liderada pelo SoftBank. Goldman Sachs e Pruven Capital também participaram do investimento.

Vitor Torres, CEO da Contabilizei, diz que o objetivo da rodada é ampliar a oferta de serviços e produtos da startup. A Contabilizei surgiu em 2013 para ajudar o micro e pequeno empresário a abrir uma empresa de forma gratuita e manter a contabilidade em dia.

A startup atua como um escritório de contabilidade, auxiliando o empresário com nota fiscal e calculando impostos. Com a empresa crescendo, Torres disse que passou a enxergar a oportunidade de ampliar os produtos, incluindo “ajudar o empresário a abrir uma conta bancária e a receber dinheiro do cliente”, mas também ajudando a escolher plano de saúde para ele, a família e os empregados.

O escritório de contabilidade digital tem dado passos para o mundo físico e adicionou apoio por telefone com atendimento até 22h e abriu lojas físicas no Shopping Eldorado, em São Paulo, e no Barra Shopping, no Rio de Janeiro.

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“Estamos ampliando o nosso alcance ao micro e pequeno empresário para que ele possa tirar dúvidas com a gente gratuitamente no shopping enquanto toma um café, faz as compras dele”, explica Torres.

A ideia da Contabilizei é expandir as lojas físicas em shopping para mais de 60 cidades pelo Brasil.

Caminhando para oferecer cada vez mais serviços financeiros para seus clientes, a Contabilizei já lançou um produto de conta corrente por meio de uma empresa parceira. Mais de 40% dos clientes Contabilizei já possuem uma conta com a empresa parceira e mais de 80% dos novos clientes optam por abrir a conta corrente com a Contabilizei no momento da abertura da empresa. Torres quer que esse serviço seja da própria Contabilizei. “Esse é o grande próximo passo da companhia, ter soluções financeiras da Contabilizei para ajudar o microempresário”.

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Perguntado se a empresa vai virar uma SCD (Sociedade de Crédito Direto), Torres disse que “está estudando os modelos e hoje ainda está definido o caminho”.

A disputa pelo mercado de serviços financeiros voltado para pessoas jurídicas tem crescido no Brasil, com a Cora, Conta Simples e Clara. “Obviamente a gente vai acabar tocando em alguns pontos do mercado, mas sempre tendo em vista que o nosso serviço principal é com o nosso cliente, ajudando a gerenciar toda a retaguarda administrativa e financeira deles”, disse Torres.

A empresa tem mais de 30 mil clientes, enquanto os mais de 70 mil escritórios de contabilidade no Brasil atendem em média 80 a 100 clientes, segundo o CEO.

A Contabilizei tem mais de 900 contadores e com o aporte a startup deve ultrapassar 1.300 colaboradores. A startup cobra uma mensalidade com planos desde R$ 96 até R$ 350, a depender do tamanho da empresa em termos de volume de faturamento.

“Nosso foco são as micro e pequenas empresas, que são 90% das 17 milhões de empresas”, explica Torres. Entre os planos para os próximos anos da startup está um IPO no Brasil, porque, segundo o CEO, a Contabilizei trabalha com um problema estritamente brasileiro.

“O micro e pequeno empresário contribui com mais de 30% do PIB, gera mais de 50% da mão de obra formal. Se esse micro e pequeno empresário tiver sucesso, o País terá sucesso. Esse é o nosso grande propósito”.

A Contabilizei não divulga faturamento, mas disse que cresce duas vezes a cada ano. Segundo Torres, o escritório de contabilidade em formato de SaaS (Software as a Service) se diferencia das demais empresas de software porque “se posiciona muito mais como o braço direito do micro e pequeno empresário”.

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“A gente ajuda ele na jornada de uma forma ética e acreditamos em uma relação de longo prazo. Empregamos muita tecnologia, o que faz com que a gente consiga dedicar mais tempo ao nosso cliente e menos em tarefas braçais”.

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups