Bloomberg — Empresas especializadas na negociação de commodities buscam financiamento adicional diante da disparada de preços após a invasão da Ucrânia pela Rússia. A alta das cotações esticou os limites de crédito das chamadas tradings, que compram e vendem os recursos do planeta.
A notícia de que o presidente dos EUA, Joe Biden, considera a possibilidade de proibir totalmente as importações de petróleo russo contribuiu para um avanço histórico nesta segunda-feira nos mercados em que a Rússia é grande produtora. Petróleo, gás, níquel, alumínio, paládio e trigo atingiram recordes ou os maiores preços em vários anos.
As tradings costumam usar posições vendidas em derivativos para se proteger de potenciais perdas em contratos de longo prazo ou estoques físicos de commodities. Com os preços subindo, corretoras e bolsas exigem dinheiro adicional – ou “margem” – para cobrir parte do valor dessas posições. Paralelamente, o custo do frete de petróleo, metais e produtos agrícolas em todo o mundo está aumentando, sobrecarregando as finanças dos comerciantes.
Bancos da Europa e dos EUA estão recebendo pedidos de novas linhas de crédito ou aumento das linhas existentes para as tradings, segundo pessoas a par das solicitações. Os bancos em geral conseguem oferecer crédito adicional a essas companhias, mas alguns estão cobrando juros maiores, disseram as fontes, que pediram anonimato para discutir informações privadas.
As dificuldades são evidentes nas gigantescas chamadas de margem exigidas dos negociantes de níquel. A London Metal Exchange suspendeu as negociações de níquel na terça-feira depois que o preço triplicou em apenas dois dias devido ao fechamento de posições vendidas pelos que não conseguiram atender às chamadas de margem.
“Estamos sobrecarregados por pedidos em todo o espectro de commodities por empresas que precisam de liquidez”, disse Kristofer Tremaine, fundador da Kimura Capital, instituição londrina especializada no financiamento de commodities. “As corretoras com hedges estão vendo enormes chamadas de margem.”
A Trafigura Group, uma das maiores tradings independentes do mundo, está levantando uma linha sindicalizada de crédito rotativo de US$ 1,2 bilhão, montada para ajudar a organização a enfrentar “condições de mercado sem precedentes e extrema volatilidade”, afirmou o diretor financeiro Christophe Salmon em comunicado distribuído na terça-feira. A ideia é ampliar a linha para mais de US$ 2 bilhões “em um curto período”, acrescentou o executivo.
A Mercuria Energy Group também está em busca de dinheiro, disseram pessoas familiarizadas com o assunto na segunda-feira.
Quase todas as grandes tradings estão discutindo a ampliação das linhas de crédito, segundo fontes com conhecimento do assunto.
Corretoras de commodities como Mercuria e Trafigura geralmente operam com linhas rotativas que renovam todos os anos com bancos de seu relacionamento.
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