BBC suspende jornalistas na Rússia após mudança de lei

Pessoas condenadas por divulgar o que as autoridades consideram ser informações falsas sobre as atividades dos militares enfrentam multas e prisão por até 15 anos

Moscu
Por Bloomberg News
04 de Março, 2022 | 02:30 PM

Bloomberg — O parlamento da Rússia aprovou leis severas que imporiam penas de prisão a pessoas acusadas de divulgar “notícias falsas” sobre os militares ou pedir sanções contra o país.

Pessoas condenadas por divulgar o que as autoridades consideram ser informações falsas sobre as atividades dos militares enfrentam multas e prisão por até 15 anos sob a legislação, que agora está sendo encaminhada para o presidente Vladimir Putin assinar.

A lei permitirá que “aqueles que mentiram e fizeram declarações desacreditando nossas Forças Armadas sejam punidos, e com muita severidade”, assim que entrar em vigor, disse o presidente da câmara baixa russa, Vyacheslav Volodin na sexta-feira (4), quando parlamentares da Duma endossaram por unanimidade a medida.

A Rússia está se movendo para reforçar o controle das informações enquanto sua invasão da Ucrânia continua pela segunda semana, em meio à condenação internacional e à imposição de sanções abrangentes. Depois de dizer inicialmente que suas forças não sofreram baixas no que a Rússia chama de “operação militar especial”, o Ministério da Defesa em Moscou anunciou na quarta-feira (2) que 498 militares morreram e quase 1.600 ficaram feridos nos combates. A Ucrânia afirmou que as baixas russas estão na casa dos milhares.

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A BBC está suspendendo o trabalho de todos os seus jornalistas e sua equipe de apoio na Rússia, enquanto a emissora avalia as implicações da legislação “que parece criminalizar o processo de jornalismo independente”, segundo afirmou o diretor-geral, Tim Davie, em comunicado no site na sexta-feira (4). “Não estamos preparados para os expor ao risco de processos criminais simplesmente por fazerem seu trabalho”, disse ele.

Embora tenha havido apenas protestos dispersos até agora na Rússia contra a guerra, o governo limitou o acesso às mídias sociais e ordenou que os meios de comunicação russos apenas publicassem informações de fontes oficiais.

Duas emissoras liberais, a Ekho Moskvy e a TV Rain, saíram do ar na quinta-feira (3) sob pressão de promotores que exigiram que o acesso fosse restrito por causa de sua cobertura da guerra. Os sites da BBC, Deutsche Welle e Meduza, um grupo de notícias independente, não estavam acessíveis na sexta-feira (4).

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A nova legislação ameaça multas e prisão por tentar “desacreditar” os militares da Rússia, incluindo pedidos para impedir sua implantação em “defesa dos interesses da Federação Russa”. Pessoas que fazem apelos para participar de protestos também enfrentam multas.

Os legisladores também aprovaram uma adição ao Código Penal que proíbe sanções contra a Rússia, seus cidadãos ou pessoas jurídicas com multa de até 500.000 rublos (US$ 4.200) ou até três anos de prisão.

– Esta notícia foi traduzida por Marcelle Castro, Localization Specialist da Bloomberg Línea.

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