Casa Branca sofre críticas por sanções brandas à Rússia

Sanções tiveram como alvo dois bancos russos, VEB.RF e Promsvyazbank, e três pessoas da elite do país com influência no Kremlin

Representantes da Casa Branca passaram a tarde de terça-feira (22) tentando defender a abordagem comedida
Por Justin Sink
23 de Fevereiro, 2022 | 11:21 AM

Bloomberg — O conjunto de sanções iniciais do presidente americano, Joe Biden, contra a Rússia foi menosprezado pelos mercados e imediatamente criticado por seu alcance limitado.

Em vez de um pacote abrangente que imobilizaria os principais bancos russos, excluiria suas transações financeiras da economia global e mirasse na pessoa do presidente Vladimir Putin, os Estados Unidos e seus aliados se contentaram com uma modesta “primeira parcela” de penalidades. Os mercados mal reagiram.

As sanções tiveram como alvo dois bancos russos — VEB.RF e Promsvyazbank — e três pessoas da elite do país com influência no Kremlin. As penalidades também visam congelar compras futuras de dívida pública russa.

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No entanto, as sanções não chegam nem perto do que os EUA e aliados sinalizavam caso as tropas russas ultrapassassem a fronteira. Havia a ameaça de medidas sem precedentes, devastadoras e que paralisariam a atividade econômica na Rússia.

Representantes da Casa Branca passaram a tarde de terça-feira (22) tentando defender essa abordagem comedida, enquanto outros questionavam se o pacote anunciado bastaria para dissuadir o Kremlin de arquitetar um ataque maior. Moscou negou que planeja invadir a Ucrânia e Putin disse que atualmente não pretende enviar soldados — segundo ele, “mantenedores da paz” — a áreas separatistas no leste da Ucrânia, embora os tratados assinados com líderes separatistas permitam que ele faça isso e amplie a presença militar russa no local.

Putin declarou que a crise pode ser evitada se a Ucrânia aceitar exigências que incluem reconhecer a soberania russa sobre a Crimeia e desistir de aderir à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

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A decisão mais impactante veio da Alemanha, que interrompeu o processo de certificação do gasoduto Nord Stream 2, colocando em risco o projeto de US$ 11 bilhões que teria consolidado o controle da Rússia sobre o mercado de energia da Europa.

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O principal diplomata dos EUA, Antony Blinken, anunciou o cancelamento de uma reunião de cúpula esta semana com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov.

“Este foi o início de uma invasão e este é o início de nossa resposta”, afirmou Daleep Singh, segundo conselheiro de segurança nacional para economia internacional, a repórteres em Washington.

Para Biden, a abordagem implica perigos geopolíticos. Putin há muito se aproveita da desunião e da desorganização no Ocidente enquanto tenta se apropriar de terras na vizinhança. Em uma análise mais detalhada, as medidas ocidentais podem não parecer tão contundentes.

Um dos bancos visados pelos EUA opera sob restrições desde 2014 e o governo americano já aplica proibições à dívida soberana russa desde 2019.

Brian O’Toole, conselheiro sênior do Atlantic Council que já trabalhou na divisão de sanções do Departamento do Tesouro dos EUA, classificou as sanções de Biden como “incrementais”.

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“Precisamos esperar para ver se os EUA vão impor o impacto prometido de maior agressão e como isso se define”, disse. “Temo que, no momento, Putin duvide que o Ocidente tem estômago para seguir adiante.”

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