CIA coletou dados de americanos em segredo, acusam senadores

Agência afirmou que monitorava atividades relacionadas a terrorismo e que divulgaria partes dos relatórios

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Bloomberg — Dois senadores dos Estados Unidos afirmaram que a CIA – a Agência Central de Inteligência do país – vem coletando secretamente informações “em massa” sobre cidadãos americanos sem a supervisão do Congresso.

Os senadores Ron Wyden, do Oregon, e Martin Heinrich, do Novo México, expressaram preocupação em uma carta de 13 de abril enviada a Avril Haines, diretora de Inteligência Nacional, e a William Burns, diretor da CIA.

A agência disse que os programas envolviam “atividades relacionadas à inteligência de contraterrorismo” que operavam sob a Ordem Executiva nº 12.333. Ela também anunciou que trechos dos relatórios sobre os programas seriam colocados à disposição do público, segundo comunicado desta quinta-feira (10).

Os senadores, membros do Comitê de Inteligência, dizem que a agência “conduziu seu próprio programa de coleta em massa” e “o fez fora do escopo da estrutura estatutária que o Congresso e o público acreditam que rege o programa”. A carta, que foi fortemente editada de forma a manter informações confidenciais, não indicava quanto tempo exatamente durou a vigilância, nem seu alcance ou quais tipos de informação foram coletadas e de quem.

Wyden e Heinrich, que indagaram sobre a quantidade de dados coletados e as circunstâncias de seu armazenamento e disseminação, afirmaram que o programa não tinha as garantias de supervisão da Lei de Vigilância de Inteligência Estrangeira, ou FISA, na sigla em inglês, que rege o monitoramento de pessoas suspeitas de envolvimento em terrorismo ou espionagem.

Até que um relatório fosse entregue em março passado, os senadores disseram que “a natureza e a extensão total da coleta e dados pela CIA foram ocultadas até mesmo do Comitê Seleto de Inteligência do Senado”.

A Casa Branca não quis comentar até a noite de quinta-feira (10).

Na declaração de ontem, a CIA disse que mantém o painel de Inteligência atualizado a respeito de seus programas e que “todos os oficiais da CIA têm a obrigação solene de proteger a privacidade e as liberdades civis dos cidadãos americanos”. Os trechos disponíveis ao público abrangeram os anos de 2015 a 2021, segundo a agência.

Sean Vitka, conselheiro sênior de políticas do grupo militante Demand Progress, disse em um comunicado que “apesar de anos de protestos do Congresso e do público contra a vigilância em massa de pessoas nos Estados Unidos, a CIA vem ocultando programas de espionagem em massa, infringindo os direitos de literalmente todos os americanos, e evadindo completamente a supervisão do Congresso e da Justiça”.

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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