Meta: Facebook decepciona em novos usuários e ações desabam 24%

Rede social sente impacto do aumento da concorrência e mudança no interesse por vídeo, onde a publicidade não é tão lucrativa

Meta decepciona e ações desabam
Por Kurt Wagner
02 de Fevereiro, 2022 | 07:12 PM

Bloomberg — A Meta Platforms Inc. (FB), controladora do Facebook, disse que a chegada de novos usuários estagnou no quarto trimestre e deu uma previsão decepcionante para o período atual, levantando preocupações sobre o crescimento futuro da empresa. As ações caíram até 24% nas negociações do aftermarket nos EUA.

O Facebook registrou 2,91 bilhões de usuários mensais no quarto trimestre, sem crescimento em relação ao período anterior. A rede social está sentindo o impacto do aumento da concorrência pelo tempo dos usuários e uma mudança no interesse por vídeo, onde a publicidade não é tão lucrativa.

A Meta afirmou que a receita no trimestre atual seria de US$ 27 bilhões a US$ 29 bilhões, em comparação com US$ 30,25 bilhões estimados em média pelos analistas.

O fracasso ocorre em um momento crítico para a empresa, que está travando batalhas com reguladores em várias frentes e também tentando justificar uma mudança dispendiosa na estratégia corporativa para apostar no metaverso, a visão do CEO Mark Zuckerberg para uma internet imersiva. Durante anos, parecia que o Facebook nunca iria parar de crescer. Agora, os usuários jovens - os futuros consumidores de publicidade - estão escolhendo plataformas como TikTok e YouTube para entretenimento e mídia social.

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A empresa, que mudou seu nome para Meta no ano passado para indicar sua direção futura, assumirá o ticker META no primeiro semestre do ano. As ações caíram para US$ 244, após fecharem em US$ 323. A ação, que atualmente é negociada sob o código FB, caiu 4% até agora este ano.

“O Facebook Reality Labs é o grande desconhecido”, disse Brad Erickson, analista da RBC Capital Markets, em nota aos investidores. Essa divisão, que inclui os investimentos da empresa no metaverso e na realidade virtual, registrou um prejuízo operacional de US$ 3,3 bilhões, quando a empresa divulgou pela primeira vez a sua contribuição para o todo.

O lucro líquido da Meta foi de US$ 10,3 bilhões, ou US$ 3,67 por ação, em comparação com os US$ 3,84 por ação projetados pelos analistas. A receita do quarto trimestre foi de US$ 33,67 bilhões, superando os US$ 33,43 bilhões estimados pelos analistas de Wall Street.

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Regulação

Quando a Meta mudou seu nome corporativo, a medida foi vista como uma distração dos muitos problemas que os reguladores pediram ao Facebook para corrigir em suas redes. Mas não era apenas um caso de rebranding – recursos e talentos dentro do Facebook mudaram para o novo foco. A Meta disse em outubro que teria uma redução de US$ 10 bilhões no lucro operacional do ano devido a investimentos em Reality Labs.

Este foi o primeiro relatório de resultados desde que Zuckerberg declarou que atrair jovens - de 18 a 29 anos - era a nova “Estrela do Norte” da empresa. Não está claro como a companhia planeja divulgar seu progresso em direção a esse objetivo. A Meta não divide os usuários regularmente por idade. Também não diz quantas pessoas usam o Instagram ou o serviço de mensagens WhatsApp, ou quanta receita essas áreas de negócios geram.

A Meta vem alertando há meses sobre as recentes mudanças no software iOS da Apple Inc. para iPhones, exigindo que empresas como a Meta peçam aos usuários permissão explícita para coletar dados que sejam úteis para o direcionamento de anúncios. As estimativas iniciais mostram que a maioria dos usuários recusa esse rastreamento, o que dificulta a publicidade direcionada. A Meta, com sede em Menlo Park, Califórnia, disse que as vendas do terceiro trimestre caíram em parte por causa desse impacto na segmentação de anúncios.

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