Insurtech 180° Seguros capta US$ 31,4 mi em rodada liderada pelo 8VC

Startup atua em um modelo de B2B2C oferecendo “seguro embutido” para empresas, modelo que tem sido adotado por startups no Brasil

Fundadores da 180 Seguros, Alex Korner, Mauro D'Ancona e Franco Lamping
02 de Fevereiro, 2022 | 07:15 AM

A 180° Seguros, startup que oferece seguros e assistências para empresas no Brasil, anunciou nesta quarta-feira (2) que captou US$ 31,4 milhões em uma rodada Série A liderada pelo 8VC. Além do fundo, que já era investidor da startup, Dragoneer, Monashees, Atlantico, Quartz, e Norte participaram do aporte.

A startup foi fundada em 2020 com a intenção de aproveitar a oportunidade da baixa penetração de seguros no Brasil, segundo o cofundador e CEO da startup, Mauro Levi D’Ancona. Já 2021 foi um ano de validação para a startup, que fechou com oito clientes como a empresa de benefícios corporativos Caju e a Zul+, em que a 180° garante o seguro dos bens para veículos estacionados na rua. D’Ancona viu que o modelo tinha tração.

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No negócio da 180°, a startup vende produtos de seguro por meio de parceiros, como a Loft. Quando um usuário compra um apartamento pela Loft, ele tem seguro residencial garantido por meio da 180°. Em 2021, a empresa recebeu um aporte Seed de R$ 44 milhões feito pelos fundos Canary, Dragoneer, Rainfall e 8VC. Desde então, a 180° lançou nove produtos e serviços em oito canais diferentes.

Só no mês passado, a 180° fechou sete novos clientes, um deles uma empresa com mais de 10 milhões de usuários. “Validamos o que a gente fez. Estamos com um time super bom, com 50 pessoas. Antes mesmo de a gente se preparar para uma rodada, tanto os nossos investidores atuais quanto os novos começaram a notar esse momento e vieram atrás da gente com propostas para levantar no final do ano [passado], com um dos maiores investimentos da região para esse estágio”, disse D’Ancona.

O capital será direcionado para novas contratações, dobrando o time para 100 pessoas. Metade das vagas vão para reforçar a equipe de tecnologia. Outro destino do dinheiro são as parcerias estratégicas ou mesmo joint ventures com grandes clientes. “Eu preciso ser relevante para os meus parceiros”, explica o executivo.

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D’Ancona explica que para clientes como banco digitais, por exemplo, que têm uma grande base de usuários mas não vendem seguros, pode fazer mais sentido uma parceria em que as empresas criem produtos juntas e dividam custos e receitas ao invés de a 180° fazer um produto de seguro para a empresa e dividir com ela a comissão.

A startup pretende chegar a um milhão de itens vendidos até o final do ano, atingindo até trezentos mil clientes indiretamente.

A aposta das startups: o seguro embutido

Desde que o regulador do setor de seguros do Brasil, a Susep, passou a adotar uma agenda regulatória de inovação, promovendo iniciativas de sandbox similares ao que o Banco Central fez no passado com as fintechs, o número de insurtechs brasileiras, ou que buscam o Brasil como mercado, cresceu. Para se diferenciar no mercado, a 180° aposta na estratégia de criar produtos únicos para cada canal de distribuição, em uma metodologia conhecida como “embedded insurance”, ou seguro embutido, que tem se tornado popular no Brasil.

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É a mesma ideia da Stere.io, startup americana que chegou ao Brasil recentemente com a estratégia de Insurance as a Service. A empresa foi lançada em maio de 2021 pelo empreendedor turco Dogan Kaleli. “Quando percebemos a tendência do seguro embutido, fundamos a Stere como um marketplace para que as empresas de canais não tradicionais se conectem com seguradoras para achar produtos e embutir”, disse.

O CEO Global da Stere.io, Dogan Kaleli

Em dezembro de 2021, a Stere captou sua primeira rodada de US$ 2 milhões liderada pela Fin VC, com participação da Plug and Play Ventures, Sandalphon Capital e Hartford Investment Management Company (HIMCO).

“Agora a gente lançou um segundo produto, um hub de integrações, um canal não tradicional em que o cliente pode integrar com a gente só uma vez sem preocupar com integrações com seguradoras, embutindo produtos diferentes em um mesmo canal”, explica Kaleli. A Stere tem seis clientes no Brasil, entre eles uma empresa que atende 40 milhões de usuários, para quem a startup está implementando um produto de seguros de acidentes pessoais.

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Kaleli vê, no Brasil, os concorrentes do mercado caminhando para parcerias com integrações e colaborações de API, ao invés de competição.

Segundo a 180° Seguros, a arrecadação do mercado de seguros no Brasil chegou a R$ 303 bilhões em 2021, considerando o ano móvel até outubro, representando um crescimento de 12,6% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Estimativas da Confederação Nacional de Seguradoras (CNSeg) apontam para um crescimento de até 14,1% no fechamento de 2021 sobre 2020, desconsiderando seguros saúde e DPVAT.

Para D’Ancona, assim como há um déficit da adoção de seguros no Brasil, há espaço para diversas empresas no mercado.

“Não é como se fosse o mercado de contas digitais hoje que para crescer precisa tirar clientes de alguém. O mercado de seguros tem que dobrar de tamanho, e o Brasil é um mercado [de seguros] que, mesmo em crise econômica, está crescendo a 10% ao ano nos últimos 10 anos. Não é necessariamente um ganha e perde. Essas empresas estão vindo para o Brasil porque há um ambiente regulatório agora que permite novos entrantes. Temos uma oportunidade muito grande de conquistar novos clientes e temos inúmeros ramos para focar”, disse o CEO da 180°.

Hoje, o foco da 180° Seguros está em produtos do mercado imobiliário, seguro de vida, e seguros vendidos por meio de varejistas. A 180° trabalha com cerca de 27 seguradoras para trazer o produto apropriado para cada canal de venda.

Startups no Brasil, como a Creditas e a Pier, também têm apostado no setor de seguros, mas focados em automóveis.

D’Ancona acredita que a agenda de inovação da Susep permanecerá independentemente do governo brasileiro, assim como foi com o Banco Central. “O mercado continua crescendo, mesmo em ano de eleições, o mercado de seguros tem que dobrar, então a oportunidade ainda é muito grande”.

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups