Bloomberg — O plano da NBA (National Basketball Association) de atrair fãs africanos e novos jogadores no continente mais jovem do mundo estimulou a gestora de private equity apoiada pelo bilionário Prem Watsa a investir na franquia com valuation de US$ 1 bilhão.
A Helios Fairfax Partners adquiriu uma pequena participação na entidade africana do esporte em questão no ano passado – à primeira vista, uma escolha curiosa para uma empresa com amplo foco em telecomunicações por meio da Helios Towers ou em postos de gasolina via Vivo Energy. No entanto, as oportunidades de crescimento do esporte são enormes, disse o CEO Tope Lawani em entrevista.
“Esse investimento resume em muitos aspectos alguns dos argumentos que temos sobre demografia e tecnologia”, disse o homem de 50 anos. “A África é o único lugar em que a população de jovens está de fato crescendo. É ali que vivem as pessoas que podem praticar esportes”.
O crescimento do uso de smartphones e internet de alta velocidade acessível no continente também é fundamental para disseminar o esporte, segundo Lawani.
Os mais de 40% da população da região com 15 anos ou menos devem impulsionar a demanda por conteúdo para celulares, segundo o último relatório da GSMA sobre a economia móvel da África Subsaariana. Os assinantes de serviços móveis provavelmente chegarão a 615 milhões na região nos próximos três anos – um aumento em relação aos cerca de 495 milhões em 2021, segundo o relatório.
“A tecnologia mais acessível tornou o continente um mercado muito mais relevante para o consumo de conteúdos e produtos”, disse.
Barack Obama e Forest Whitaker
A Helios é a maior investidora no projeto fora a própria NBA, e alguns nomes notáveis juntaram-se a ela, incluindo o ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama, cujo pai era queniano, e Forest Whitaker, que ganhou um Oscar por interpretar o ditador de Uganda Idi Amin no filme “O Último Rei da Escócia”, de 2006.
Diversos ex-jogadores também investiram, incluindo Grant Hill e Dikembe Mutombo, nascido na República Democrática do Congo. Luol Deng, nascido no que hoje é o Sudão do Sul, também é um dos interessados.
“Quando você analisa a NBA de 20 anos atrás, você provavelmente via dois ou três jogadores de ascendência africana”, disse Lawani. “Hoje são mais de 50″.
Ele também esclareceu que falava sobre jogadores nascidos na África ou com pais nascidos na África.
A NBA gastará parte do dinheiro arrecadado com o empreendimento para construir infraestrutura como escritórios, quadras e estádios na África, disse o comissário Adam Silver no ano passado. A organização também colabora com a Liga Africana de Basquete – torneio de 12 equipes com representantes de todo o continente que está prestes a iniciar sua segunda temporada.
Conteúdo acessível
O mercado consumidor da África está crescendo, disse Lawani, com novas tecnologias trazendo opções variadas e mais baratas para os fãs de basquete que desejam acompanhar a NBA.
A única forma de vender transmissões das partidas de basquete dos EUA há quatro ou cinco anos era por meio de um caro serviço de TV via satélite de – inacessível para a grande maioria dos africanos, disse o CEO.
“Agora, com os smartphones, você não precisa assistir 90 minutos de uma partida de futebol ou todos os quatro quartos de um jogo de basquete”, disse ele. “Você pode assistir aos destaques, pode assistir a um conteúdo posteriormente, pode assistir apenas aos gols, tudo isso em um smartphone por um preço que realmente pode pagar”.
--Esta notícia foi traduzida por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.
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