Bloomberg — O Deutsche Bank (DB) culpou um ex-cliente pelas perdas sofridas ao investir em derivativos de câmbio de risco que o credor alemão vendeu.
O banco afirmou que o Palladium Group foi culpado ao se defender das alegações de venda errônea que estão no cerne de um processo de 500 milhões de euros (US$ 565 milhões) aberto pela rede hoteleira espanhola no ano passado. Em uma importante reunião com o cliente, um de seus ex-banqueiros avisou que a aposta era arriscada, disse o banco.
O Deutsche Bank negou todas as irregularidades nos documentos de defesa, arquivados em dezembro, e nomeou uma série de ex-funcionários envolvidos nas transações, incluindo o vendedor Amedeo Ferri-Ricchi e os ex-chefes da Global FX Jonathan Tinker e Fabio Madar.
Negociações de câmbio complexas que repercutiram em empresas espanholas geraram ações judiciais e reclamações regulatórias contra vários grandes bancos. O Deutsche Bank está investigando se alguns de seus produtos foram vendidos erroneamente. Sua investigação interna, conhecida como Project Teal, está analisando dezenas desses negócios e gerou acordos com clientes. O processo influenciou a saída de vários funcionários e executivos seniores.
O Palladium Group, com sede em Ibiza, alegou no processo que realizou centenas de transações “altamente complexas” com o credor alemão que eram “impossíveis” de serem precificadas, avaliadas ou compreendidas pelo Palladium. Mas os advogados do Deutsche Bank disseram que a família que administra o grupo era “participante sofisticada e experiente do mercado” com capacidade e experiência para entender as transações.
“A alegação do Palladium não tem fundamento, e nos defenderemos ferrenhamente contra ela”, disse um porta-voz do Deutsche Bank. “O Palladium compreendeu bem os possíveis benefícios e riscos envolvidos”.
Um porta-voz do Palladium não quis comentar.
O Palladium se beneficiou financeiramente dos acordos com o credor até 2016, mas começou a perder dinheiro a partir de 2017, e em 2018 o valor das transações atingiu o pico negativo.
Reuniões com banqueiros
No registro, o Deutsche Bank detalhou duas reuniões que a empresa hoteleira teve com seus banqueiros em maio de 2018 em Londres e Ibiza. Presentes em uma ou ambas as reuniões estavam seus então funcionários Ferri-Ricchi, Madar, Tinker, Thomas Berger, Miguel Palacio, Sebastian Gomez-Alarcon e Rafael Hernandes, segundo seus advogados.
Nenhum dos traders citados na defesa são réus no processo. Madar, Tinker, Berger, Palacio, Gomez-Alarcon e Hernandes não foram citados no processo do Palladium como parte da suposta irregularidade.
De acordo com Palladium, o Deutsche Bank, por meio de Ferri-Ricchi, tinha um dever de cuidado. O Palladium contou que Ferri-Ricchi era seu principal ponto de contato no banco, embora também lidasse frequentemente com outros funcionários não identificados.
Segundo o Deutsche Bank, Tinker alertou que o euro corria o risco de cair ainda mais em relação ao dólar, mas o Palladium acreditou que a moeda se recuperaria até o final do ano. Nos meses seguintes, o Deutsche Bank disse que provou estar correto, mas como o Palladium havia seguido as próprias crenças, sua carteira havia caído cerca de 334 milhões de euros (aproximadamente US$ 377 milhões) até o fim de 2018.
O Palladium “causou ou contribuiu com a própria perda por ser o culpado do cuidado de seus próprios assuntos”, incluindo suas decisões de trading, e por não entender os “termos claros” das transações. Embora o Deutsche Bank tenha expressado suas próprias opiniões sobre a estratégia de trading periodicamente, seu relacionamento não era consultivo, disseram seus advogados.
Gomez-Alarcon, Tinker e Hernandes não quiseram comentar. Ferri-Ricchi e Madar não comentaram quando contatados por Whatsapp e e-mail. Berger e Palacio, não responderam às mensagens enviadas pelo LinkedIn solicitando comentários. Victoria Webb, porta-voz do Macquarie Group, que contratou Palacio em 2020, não quis comentar.
No passado, por meio de seus advogados, Ferri-Ricchi negou as alegações no processo do Palladium ou que já esteve envolvido em qualquer venda errônea. Ele também afirma não estar envolvido em nenhuma investigação interna do Deutsche Bank.
Madar deixou o banco apenas alguns meses após essas reuniões antes de passar um ano no Barclays (B1CS34). Ele também trabalhou na venda de produtos cambiais para empresas do sul da Europa, incluindo empresas espanholas. Um porta-voz do Barclays não quis comentar.
Em 2019, ingressou no NatWest Group, no qual foi recentemente promovido para liderar as vendas globais de moedas e a equipe de vendas de câmbio.
--Com a colaboração de Steven Arons Donal Griffin e Jonathan Browning.
--Esta notícia foi traduzida por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.
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