O que os viajantes brasileiros têm esquecido nos aeroportos?

Concessionárias revelam os itens mais perdidos pelos passageiros nos terminais de SP e Brasília; raio-x e sanitários são onde mais se esquecem pertences

Área das esteiras de raio-x para inspeção de segurança é um dos locais onde mais os passageiros esquecem pertences nas bandejas
16 de Janeiro, 2022 | 07:09 AM

São Paulo — Quem viaja com notebook sabe que, em um aeroporto, ele precisa ser retirado da mochila ou pasta para, em uma bandeja, solitário, rolar por uma esteira e ser submetido ao monitoramento de um aparelho de raio-x.

A rotina de segurança, padrão em todo mundo, pode parecer simples, mas alguns passageiros acabam, diante da correria até a hora do voo, de tantas bandejas e pertences, esquecendo de recolhê-lo. Resultado: o equipamento vai parar no setor de achados e perdidos. Se o dono perceber o sumiço a tempo, antes de embarcar, basta procurar um funcionário da companhia aérea e recuperar o produto ou terá de voltar ao aeroporto para reavê-lo.

Esquecimentos são relativamente frequentes nessas situações, principalmente na alta temporada de férias, quando os terminais ficam mais lotados, as filas se alongam diante de pontos de checagem de documentos, como passaportes, e de bagagens de mão, além do estresse natural de uma viagem, como o despacho de malas e deslocamentos com carrinhos pelos corredores e esteiras dos aeroportos. Há ainda passageiros que não levam todos os seus pertences quando deixam os aviões.

Veja mais: Teste de farmácia para covid custa quase R$ 500 no aeroporto de Miami

PUBLICIDADE

A GRU Airport, concessionária que administra o Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, informou que foram esquecidos mais de 21 mil itens no aeroporto em 2021, representando um aumento de 54% em comparação ao ano de 2020.

Quando comparado com 2019, período anterior à pandemia e, portanto, com movimentação superior de passageiros, houve, no entanto, uma redução de mais 24%. Os objetos mais esquecidos são documentos pessoais, como carteira de motorista e identidade. Já as áreas de raio x são aquelas nas quais os passageiros mais esquecem esses itens.

Dos 21 mil objetos esquecidos no aeroporto de Guarulhos no ano passado, mais de 4 mil foram recuperados pelos proprietários, segundo a GRU Airport. A companhia afirma que o passageiro tem até 60 dias, contados a partir da data em que o item foi registrado, para recuperar o objeto. Passado este período, os documentos pessoais são descartados, e os demais itens doados ao Fundo Social de Solidariedade do Munícipio de Guarulhos.

PUBLICIDADE

Brasília

No Aeroporto de Brasília, na capital federal, os passageiros esqueceram cerca de 4,8 mil itens no terminal aéreo em 2021, um aumento de 40% em 12 meses. Se comparar com 2019, quando houve um fluxo maior de pessoas, a redução foi de 64%, informou a concessionária Inframerica.

Em Brasília, os itens mais esquecidos são documentos pessoais, travesseiros de pescoço e cabos de celular. Carteira de motorista, carteira de identidade e até passaporte encabeçam a lista, contabilizando mais de 48,8% dos objetos encontrados. Em seguida, vêm cartões bancários e roupas femininas, segundo a Inframerica.

Veja mais: Tripulação adoece e companhias aéreas cancelam voos no Brasil

Os lugares onde os passageiros mais esquecem coisas no aeroporto de Brasília são na área de raio-x, onde são depositados itens em bandejas para inspeção, e nos diversos sanitários do terminal. Os objetos esquecidos no interior das aeronaves são de responsabilidade das companhias aéreas. Cada empresa possui seu próprio departamento de achados e perdidos, e a Inframerica não tem acesso a estes pertences deixados para trás.

Dos 4.822 mil objetos esquecidos no aeroporto, apenas 21,3% foram procurados pelos seus donos, segundo a Inframerica. O passageiro tem até 90 dias para recuperar o objeto em Brasília, contados a partir da data em que o item foi encontrado no terminal. Passado este período, o item segue para doação à instituições de caridade credenciadas pela Inframerica. Os documentos pessoais são repassados aos Correios, e cartões de crédito são destruídos após sete dias. Produtos de higiene pessoal e cosméticos também são descartados após este período.

Como recuperar

A Inframerica diz ter uma equipe de atendimento ao cliente dedicada e atenta a tudo que ocorre nas salas de embarque e nos saguões. Quando algum objeto é encontrado, os funcionários enviam diretamente para o setor de achados e perdidos. Lá o item é catalogado com as principais características do material com a data, horário e local onde foi localizado, segundo a concessionária.

Para recuperar o pertence esquecido o passageiro deve indicar todas as particularidades do objeto. Cor, formato, senha de acesso (em caso de equipamentos eletrônicos) ou alguma identificação única do item. Estas informações são importantes para ter o objeto de volta, orienta a Inframerica.

PUBLICIDADE

Uma das dicas da equipe de atendimento ao cliente da Inframerica para não esquecer objetos pelo aeroporto é sempre ficar atento e carregar pouca bagagem. “Quanto mais sacolas, malas ou bolsas, maior a chance de deixar algo para trás. Além disso é muito importante estar atento aos documentos de identificação, pois eles são necessários para poder embarcar nas aeronaves”, diz o coordenador de atendimento ao cliente, Diego Banzer.

Outra recomendação ao passageiro dele é sempre prestar atenção aos objetos que encontra pelo terminal aéreo, especialmente malas e mochilas que sejam suspeitas. “Quando se deparar com qualquer objeto estranho, o passageiro deve informar imediatamente ao Centro de Operações Emergenciais (COE) do aeroporto por meio dos aerofones instalados nas praças centrais de alimentação do terminal, ou entrar em contato com os nossos funcionários que são treinados para lidar com este tipo de situação”, diz Banzer.

Leia também: Brasil perde mais de 2.300 agências bancárias em 2 anos de pandemia

Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.